Curiosamente a comunicação social deste fim-de-semana, não mostrou grande interesse em anunciar boas novas, percebendo, no caso do nosso país, que tratando-se de um ano de múltiplas eleições (europeias, nacionais e regionais), o que quer que se diga, será sempre “filtrado”, como se tratando de demagogia. Pelo contrário, o acento tónico foi colocado nos acontecimentos e circunstâncias que correram menos bem no ano anterior, admitindo até que esses efeitos se prolongarão neste que agora começa.
Nós próprios não resistimos a essa tentação. Pelo que voltamos ao ambiente laboral que tem ensombrado as últimas semanas, com as sucessivas paralisações, em particular no sector público (professores, enfermeiros, transportes) que tanto incomodam o dia a dia do cidadão comum.
Permita-nos uma breve reflexão, sobre a nossa legislação laboral, que, aparentemente, parece ser tão permissiva e facilitadora das paralisações. Curiosamente, este facilitismo é mais notório na Administração Pública, talvez porque o “Patrão” (linguagem dos partidos de esquerda) – que é o Estado, esteja mais longínquo, dos reais prejudicados pelas greves. Estas deveriam ser a última arma dos sindicatos, quando aparentemente são a primeira.
Talvez se justificasse que o legislador, sobretudo o legislador constitucional possa fazer uma reanálise dos normativos, sem colocar em causa, naturalmente, os legítimos direitos dos trabalhadores que afinal, somos todos nós.
Reconheça-se, em abono de verdade, que os dirigentes ou encontram respostas adequadas e céleres para dar respostas às reivindicações, ou se transfere para as urnas a contestação. O que em si mesmo é uma outra forma de populismo que a democracia não acautela, nem regula.
Isto leva-nos a uma última reflexão, que é a constatação de que já se entrou, em pleno período pré-eleitoral, como o próprio presidente Marcelo anotou, quando promulgou o Orçamento de Estado. Até o primeiro ministro, na sua mensagem de Natal, avisou que não era possível dar tudo a todos, porque isso seria uma ilusão.
Ilusão que ele, mais do que ninguém vem acalentando desde há três anos a esta parte, com devolução de rendimentos, que a economia do país não comporta. Só uma carga fiscal, que foi em 2018 a maior de sempre, consente alimentar artificialmente a máquina do Estado. E mesmo esta com muitas reticências, como se verifica em sectores como a Saúde ou os Transportes Coletivos Públicos, de que é mais emblemático o caso da CP, com um serviço miserável, por falta de investimento nas respetivas infraestruturas.
Isto para não falar também na redução de horário de trabalho na administração pública, com os problemas de falta de pessoal que originou, para além da injustiça que criou à economia privada, que não pode adotar regime de trabalho semelhante.
Não é desadequado recordar, que quem semeia ilusões, como têm sido estes três anos, só pode colher tempestades. Que ninguém deseja, mas que podem muito bem ocorrer.
Bom Ano!