Os primeiros responsáveis pela publicação e sustentabilidade do jornal semanário que no título colocou uma região inteira, sempre secundarizada pelo poder político (Trás-os-Montes), dando-lhe voz, fizeram-no por amor à terra que Torga viria a definir, mais tarde, como “reino maravilhoso”, às suas gentes desprotegidas, mas valentes, acima de tudo. Era um tempo de afetos, o amadorismo cumpria uma função cheia de vontade, com diocesanos, sociedade civil, homens e mulheres, mais jovens ou mais idosos, pessoas que sabiam ler, escrever e comunicar. A mensagem era uma necessidade nesse período de esperança, após os acontecimentos terríveis da Segunda Guerra Mundial.
Hoje, o jornal alargou as fronteiras, é lido em todo o mundo, pela via do digital. A mensagem que mantém é ainda mais forte, criteriosa, eloquente. É um projeto profissional, constituído por gente nova, competente, dedicada. Do trabalho que todos fazem basta abrir as folhas do jornal e ver o seu conteúdo, um dos mais ricos que a imprensa regional dos nossos dias pode apresentar, apesar de tantas e cada vez mais difíceis condições de sobrevivência para as publicações impressas em papel.
Mas “A Voz de Trás-os-Montes” não se fica por aí. Acompanha os tempos novos, adapta-se às novas conjeturas e às condições de comunicação “online” que atualmente dominam o mundo.
Antes, o jornal pretendia chegar o mais longe possível, aos leitores de tantas zonas do país e até de alguns países estrangeiros onde havia diáspora portuguesa e transmontana, aumentada pela existência cada vez maior de emigrantes portugueses e, agora, de gente capacitada para situações laborais mais avantajadas. Seja operário seja professor universitário, todos os nossos conterrâneos residentes noutros lados deste paraíso natural que a nossa terra é continuam a pretender acompanhar as notícias do seu país (parafraseando Manuel Alegre).
Hoje, as notícias chegam no mesmo instante em que são criadas. E os comentários, as fotografias, os casos do dia-a-dia, as pessoas que fazem coisas, a cultura, a educação, a saúde, o desporto, as realidades de uma região e de uma voz de Trás-os-Montes que teima em não se render. Quantas coisas foram modificadas entre nós pelo contributo excecional deste semanário que faz agora 75 anos de existência.
75 anos. Uma vida inteira. Um sonho que foi materializado através dos seus ancestrais e que tantos sonhos tem ainda para cumprir. 75 anos são bodas de diamante. Os diamantes são eternos. E A Voz de Trás-os-Montes também há de continuar a ouvir-se, para sempre.