Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2024
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A concentração das adegas é o caminho para a recuperação do sector

Numa altura em que são conhecidas as dificuldades em que vivem várias adegas durienses, o secretário de Estado da Agricultura defendeu a concentração de cooperativas como única solução para aquelas que não conseguem, por si só, criar uma dinâmica comercial.

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“Só a concentração da actividade pode levar ao sucesso”, defendeu Luís Vieira, secretário de Estado da Agricultura, à margem de uma iniciativa que, organizada pela Associação Antão de Carvalho, reuniu dezenas de pessoas em torno da crise que se vive em muitas adegas cooperativas da região duriense.

Se em algumas zonas do país existem cooperativas a criar dinâmica por si só, que individualmente são bem geridas, conseguindo trazer retorno e pagar a tempo os seus associados, noutras a situação agrava-se, existindo mesmo situações de ruptura, como acontece em algumas adegas durienses. “Para essas, a única solução é concentrar as suas operações no sentido de reduzir custos, melhorar os preços aos produtores e trazer mais retorno para a sua actividade”, explicou o secretário de Estado.

Luís Vieira sublinhou a necessidade de se “ganhar escala e capacidade de negociação para reduzir custos operacionais”, um caminho que se poderá encetar através da fusão de cooperativas, por exemplo.

“A fusão das adegas é uma forma, no entanto pode haver outras que levem à concentração. Isso depende das direcções das cooperativas”, considerou o mesmo responsável político, mostrando-se confiante no êxito do processo, agora em curso, que deverá fundir as adegas de Favaios, Pegarinhos e Alijó e que poderá ter o efeito de validação para outras cooperativas “que queiram dar um passo significativo” na sua actividade. “É preciso dinâmica comercial. Uma cooperativa só não pode contratar um director comercial, mas três já o podem fazer”, exemplificou.

Apesar de sublinhar a forte vertente social das cooperativas, Luís Vieira frisou o aspecto comercial dos agregados de pequenos viticultores, que estão no mercado aberto dos vinhos e que por isso devem ser competitivos.

Admitindo ser necessário “encontrar soluções para reorganizar o sector tornando-o mais moderno e com uma gestão mais profissionalizada”, o secretário de Estado lamentou que, nos últimos anos, o sector privado tenha ganho terreno às cooperativas, existindo actualmente 97 mil adegas que englobam 42 por cento da produção total de vinho do país.

O colóquio, organizado pela Associação Antão de Carvalho, decorreu no auditório da cooperativa Caves Santa Marta, também ela um sucesso ao nível da fusão de adegas. Criada em 1959, a adega de Santa Marta de Penaguião uniu-se, em 1970, à sua congénere de Medrões e, três anos mais tarde, a da Cumieira.

Actualmente, depois de um relançamento da sua imagem e marca no âmbito do seu 50º aniversário, as Caves Santa Marta contam com mais de 1900 associados, produzindo uma média anual de 121 mil hectolitros de vinhos, dos quais 40 mil são de vinho do Porto.

O secretário de Estado sublinhou ainda alguns dos projectos do Governo direccionados ao movimento cooperativo, nomeadamente a linha de crédito de 175 milhões de euros para a agricultura, “em que há uma bonificação de cem por cento da taxa de juro para as cooperativas que queriam concentrar a sua produção, enveredando para uma gestão profissionalizada e fazendo o redimensionamento da sua actividade”, ou uma linha de crédito até quatro anos, com um de carência, “para o reforço do fundo de maneio, para a superação de dívidas contraídas no exercício da actividade ou para um novo investimento”. “Depois há um apoio de 50 por cento a fundo perdido na aquisição de equipamentos e modernização das suas unidades. Uma ajuda superior em dez por cento relativamente a outros sectores”, sublinhou o governante.

Segundo dados divulgados no colóquio, 14 644 pequenos viticultores, com apenas 8,4 por cento de área total, correm sério risco de desaparecer se as adegas cooperativas não se reestruturarem.

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