Segunda-feira, 7 de Outubro de 2024
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Armando Moreira
Armando Moreira
| MIRADOURO | Ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Real. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

A escola, os professores e os alunos

A comunicação social, nos últimos dias, enfatiza as avaliações dos alunos do 9º, 11º e 12º anos, para classificar as escolas nacionais, como se isso fosse possível, desejável ou útil.

Comparar o incomparável não faz sentido algum. Os resultados obtidos com estas comparações acabam por ser de uma enorme injustiça, sem qualquer valor prático. Cada aluno é um ser único, que não se repete. Cada professor, é ele próprio, também um ser único irrepetível. O ambiente social da comunidade em que a Escola se insere não é classificado. Então para quê este inútil exercício de comparar o incomparável?

Comecemos pelo ambiente social. Uma escola privada situada numa zona urbana, por exemplo, o Bairro do Restelo em Lisboa, não é comparável com a maior parte das nossas escolas das aldeias do interior, ou mesmo do ambiente urbano de uma pequena vila do Minho, de Trás-os-Montes ou das Beiras, nem mesmo com as condições dos bairros dos centros urbanos de maior dimensão das grandes cidades. A estabilidade de um e outro meio é incomparável.

O recrutamento dos docentes e as condições de vida geram desproporcionalidades que não podem deixar de se refletir no respetivo desempenho.

Fator diferenciador é a natureza da escola: pública ou privada. No ranking, o que mais se evidencia, são os colégios privados dos grandes centros urbanos, onde as escolas selecionam os alunos, em condições, por vezes, absurdas.

Por fim, os professores. Qual é o papel que estes desempenham e que serve para a validar os rankings, de que falamos.

Os professores, que tanto se têm evidenciado neste ano escolar, pelas reivindicações apresentadas publicamente, que suportam as greves com grande mobilização, não deixam de ser avaliados também. Justa ou injustamente. Todos sabemos que há professores bons e outros menos bons. Há uns com capacidades de ensino fora do normal, e outros, que apenas cumprem o seu dever de ensinar, tantas vezes insatisfeitos por serem obrigados a deslocar-se dezenas de quilómetros (sabe Deus com que sacrifícios). É natural que as dificuldades que enfrentam, se possam refletir no seu desempenho, perante os alunos.

O que pensarão estes profissionais quando lerem a avaliação da respetiva escola?

São apenas exemplos de como estes milhares de professores se podem sentir injustiçados, por o que deles pensam os próprios pais das crianças, o que nos leva a concluir que os rankings das escolas não são um valor em absoluto de valia do ensino que neles é ministrado. Valem apenas para efeitos estatísticos. Nada mais do que isso.

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