«Paulo aplica esta expressão à pessoa de Jesus, à Igreja, e a cada um dos baptizados» e continuou:
«Em primeiro lugar, à pessoa de Jesus. Para um judeu, educado na concepção de Deus como realidade puramente espiritual e distante cujo nome (Iavé) nem se podia pronunciar, o facto de Jesus se apresentar como Deus incarnado era uma novidade espantosa reveladora de Deus próximo e amigo do mundo! Paulo nunca se cansará de manifestar a sua surpresa e encanto, repetindo que Jesus é o Filho de Deus, «nascido de mulher» (Cartas aos Gálatas e a Tito) A nós, habituados ao presépio e ao sacrário, nem nos damos conta desta novidade sentida por Paulo.
Em segundo lugar, Paulo diz que a Igreja é também «Corpo de Cristo», na medida em que formamos todos um «corpo» de que Cristo é a cabeça e nós seus membros (Cartas aos Colossenses e aos Efésios.
Finalmente, o corpo humano de cada baptizado é «Corpo de Deus», templo do Espírito Santo (Cartas aos Coríntios). E concluiu:
«Estes três «corpos» andam interligados, e a ruína de um arrasta a dos outros dois. A cultura actual, ao negar a pessoa divina de Jesus e falar de um Deus distante e invisível, sem corpo, destruirá a Igreja de Jesus reduzindo-a a uma Igreja puramente espiritual, sem organização; e desprezará o corpo humano, falando dele de modo vago, sem sexo. Se começarmos pelo desprezo do corpo concreto, iremos gradualmente destruir a Igreja e o conceito cristão de Deus. Por isso, congregados nesta celebração da Eucaristia como «Corpo de Deus», unamos o amor a este mistério ao amor pela Igreja e ao respeito pelo nosso próprio corpo».
A festa principiou, como de costume, pela celebração da Missa solene na Sé, às 17 horas, com a participação das autoridades. O cortejo eucarístico saiu às 18 horas, bem conduzido pelos escuteiros que, em número significativo, se integraram no vasto cortejo com outros jovens, as crianças, as religiosas, as delegações das paróquias do termo de Vila Real, as duas corporações dos Bombeiros, a Santa Casa da Misericórdia e o Clero junto do palio. Às varas do palio pegaram sucessivamente as autoridades políticas, administrativas e policiais e os directores dos vários serviços públicos: Governador civil, Presidente da Câmara e vereadores, Juntas de freguesia, GNR, PSP, Quartel, Directores do Arquivo distrital, da Segurança Social e outros, cuja presença o prelado diocesano agradeceu no final lembrando que, em Vila Real, nunca se omitiu este cortejo eucarístico, mesmo em épocas conturbadas, e de ano para ano ele vem a crescer em recolhimento, como se verificou neste ano».