Terça-feira, 10 de Dezembro de 2024
No menu items!

A Igreja de Jesus Ressuscitado e o ministério do Santo Padre

1 – A vida cristã nasce da Páscoa como da sua fonte. A festa da Páscoa celebra-se no Domingo a seguir à lua cheia de Março que era, nos calendários antigos, o primeiro mês do ano. Ainda hoje o nome de alguns meses indica essa origem: Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro, ou seja, sete, oito, nove, dez.

-PUB-

Os primeiros cristãos não tinham uma festa anual para celebrar a Páscoa. Celebravam-na todas as semanas na noite de sábado para Domingo. Mas a alegria da ressurreição de Jesus enchia-lhes o coração todos os dias de semana. A oração da manhã e da noite, o trabalho, o sofrimento das perseguições, o casamento celebrado «em nome do Senhor» em casa dos pais dos noivos – tudo nascia da Páscoa. Nas suas cartas, Paulo só fala da morte e ressurreição de Jesus extraindo dai as orientações para a vida.

Com o andar dos anos, perdeu-se aquela referência inicial e, ao lado da celebração semanal do Domingo, a Igreja instituiu no século II a festa da Páscoa para despertar nas consciências a importância da morte e ressurreição. O próprio Crucifixo foi escolhido pelos cristãos como sinal da sua fé depois da Páscoa, e muitos desses crucifixos são trabalhados e adornados com motivos dourados de modo a transmitirem a mensagem da vitória pascal.

2 – A festa da Páscoa prolonga-se nos cinquenta dias até ao dia do Pentecostes ou Espírito Santo, sendo a celebração o Crisma muito apropriada neste tempo. A vida espiritual chega às consciências sobretudo pelos sacramentos que devem ser apresentados como sinais e gestos pessoais de Jesus ressuscitado que nos associa à sua ressurreição. Também os actos devocionais devem ser aproximados de Jesus ressuscitado: a catequese ilumina a inteligências e o coração como Palavra de Jesus ressuscitado; o trabalho honesto e bem feito prolonga no próprio mundo a vitória de Jesus sobre o caos, a miséria e o erro; o estudo cuidadoso faz a ressurreição da inteligência; a caridade introduz nas relações humanas óleo da alegria e da estima. Tudo deve ser pascalizado.

3 – Neste ano vamos ter em Portugal o Papa Bento XVI e esta visita ocorre durante o tempo pascal. O Papa não viaja por turismo, mesmo que os fiéis lhe ofereçam condições de conforto e descanso. Viaja como Pastor Universal, Vigário de Cristo, aquele a quem incumbe. Por isso, esta visita deve ser preparada exterior e interiormente, como recomendam os Bispos em Nota Pastoral recente, estimulando-se a deslocação dos fiéis a Fátima e ao Porto. Esta visita é uma oportunidade para melhor conhecimento do ministério do Papa na Igreja.

A Igreja foi preparada por Jesus durante a vida pública, antes da Páscoa, mas só apareceu visivelmente organizada e animada pelo Espírito Santo no dia de Pentecostes. Nessa Igreja nascente, constituída por um grupo de pessoas, entre elas Maria, Mãe de Jesus, Pedro ocupa um lugar de relevo: é o grande pregador, é aquele cuja palavra e exemplo são decisivos acerca da ressurreição de Jesus e de outras decisões. Pedro é firme, uma «pedra», uma «rocha». Foi isso que Jesus quis designar ao mudar o nome de Simão para «Pedro» ou «Cefas».

Alguns estudiosos da Bíblia quiseram dizer que essa mudança de nome foi só uma graça de Jesus, como fez com os dois irmãos João e Tiago, a quem chamou «filhos do trovão». Ora não se podem comparar os dois gestos: João e Tiago eram mesmo impulsivos, apaixonados, ao passo que Simão era medroso, inseguro, instável. Por temperamento, nada tinha de pedra ou rocha. Por isso, o nome de Pedro não pode designar o feitio de Simão, mas antecipa a sua missão na Igreja.

Pedro viveu durante alguns anos em Jerusalém e essa cidade era a cabeça da Igreja nascente; mais tarde, Pedro foi para Antioquia e acabou por ir para Roma, onde foi martirizado e sepultado exactamente no lugar por debaixo do altar da Basílica de S.Pedro. Por fidelidade a esse martírio e sepultura, o Bispo de Roma é considerado, desde os primeiros séculos, o sucessor de Pedro, sendo bem conhecidos os três primeiros sucessores: Lino, Cleto e Clemente, como vem no Missal romano.

A linguagem da comunicação social, voltada para o mundano e visível, refere frequentemente as estruturas visíveis do Vaticano, os seus museus e outras riquezas patrimoniais que a devoção do povo, personalidades ilustres e o ritmo da história ali reuniram. Mais que fonte de riqueza, esse património é um testemunho do amor do povo e da acção da Igreja em favor da cultura, e o espaço do Vaticano é um meio humano para garantir a autonomia do Papa em relação aos poderes do mundo.

4 – O ministério do Papa foi sempre difícil e doloroso, e os primeiros Papas foram todos mártires. O múnus do Papa é hoje esmagador, tanto pelas tensões no da Igreja como pela desorientação do mundo. A sociedade afastou-se de Deus, limita-se a viver e desinteressa- -se do sentido da vida, inventando uma «nova cultura» e uma «nova moral» sem verdadeiro fundamento. Frequentemente, exige-se que o Papa mude a doutrina da Igreja, o que, além de impossível, seria um desastre para a própria cultura e civilização. Nestes tempos o Papa terá de ser mesmo a «pedra», capaz de responder aos muitos desafios que o progresso técnico apresenta continuamente. «Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão», garantiu o Senhor.

5 – Para aquela preparação, dediquem-se a esse tema as homilias dos Domingos de Abril e de Maio e os actos devocionais do mês de Maio. Na mensagem de Fátima há uma referência profunda ao amor dos Pastorinhos ao Santo Padre, sobretudo da Jacinta, cujo centenário do nascimento ocorre este ano. Depois da visita, devem prosseguir a reflexão sobre as mensagens que o Papa nos deixar.

Na catequese às crianças, nas anáforas das Missas e durante o mês de Maio tenhamos presente o Santo Padre como aquele que, na fidelidade ao Espírito Santo, preside e dá segurança à Igreja de Jesus Ressuscitado. O amor ao Santo Padre e a fidelidade à sua doutrina são uma marca essencial da fé católica e são uma característica da piedade do povo português.

APOIE O NOSSO TRABALHO. APOIE O JORNALISMO DE PROXIMIDADE.

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo regional e de proximidade. O acesso à maioria das notícias da VTM (ainda) é livre, mas não é gratuito, o jornalismo custa dinheiro e exige investimento. Esta contribuição é uma forma de apoiar de forma direta A Voz de Trás-os-Montes e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente e de proximidade, mas não só. É continuar a informar apesar de todas as contingências do confinamento, sem termos parado um único dia.

Contribua com um donativo!

VÍDEOS

Mais lidas

ÚLTIMAS NOTÍCIAS