Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024
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A lagosta e a sardinha

O rico come lagosta e o pobre come sardinha. E foi assim que, ao longo dos anos, esta sentença piscícola se foi arreigando na mística popular, elevando o marisco ao altar do poder e denegrindo a petinga ao nível do mendigo.

O crustáceo, vermelho e resplandecente, acamado em maionese numa travessa de prata, tornou-se o símbolo dos que viviam na abastança. Pelo contrário, a sardinha cinzenta, grudada de pedaços de carvão e untada de gordura numa fatia de broa, era a chancela da marca dos que nem ao primeiro degrau da escada da fortuna conseguiram trepar. E, durante anos a fio, nem o pobre sonhou alguma vez trincar lagosta, nem o rico se rebaixou à humilhação de lamber o lombo da sardinha.

Mas os tempos mudaram, e, sabedores da forma como o “pão e circo” engana os tolos, cedo a nova classe política aprendeu a cartilha maquiavélica da demagogia. Nova classe política – digo eu –

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