Os dados já são impressionantes: um bispo está preso, 37 padres estão exilados, 32 religiosos foram expulsos do país, foram confiscados vários edifícios da Igreja, foram encerrados vários meios de comunicação católicos. Desde abril de 2018, o regime autoritário e ditatorial liderado por Daniel Ortega realizou, pelo menos, 529 ataques à Igreja Católica, tem proibido de forma generalizada a Igreja de realizar a sua missão e o seu culto. Na última semana santa, foram emitidas 3.176 proibições de procissões na via pública. E já são incontáveis os sacrilégios, roubos, agressões físicas e atentados, bem como as humilhantes profanações que foram infligidas à Igreja. A culminar toda esta abominável hostilização foi a rutura das relações diplomáticas entre a Santa Sé e a Nicarágua, a expulsão do núncio apostólico e o encerramento da Sede Diplomática do Vaticano na Nicarágua. O Papa Francisco já condenou esta tenebrosa violação da liberdade religiosa e a intolerável perseguição que está a ser feita à Igreja na Nicarágua, mas confesso que esperava mais veemência na condenação e mais pressão da santa Sé. Os grandes líderes mundiais alimentam um silêncio incompreensível sobre o tema.
No Paquistão, os tempos não estão melhores. O Arcebispo de Lahore, D. Sebastian Shaw, afirmou há dias que “ser cristão no Paquistão é muito perigoso”. Ali se verifica, como noutros países de domínio muçulmano, um fenómeno deplorável e desumano: jovens raparigas e mulheres cristãs são raptadas, torturadas, violadas e forçadas a converterem-se ao Islão, sendo depois impedidas de regressarem a suas casas. Têm sido realizados diversos ataques à comunidade cristã, que se sente assim profundamente perturbada num mar de insegurança e ameaça. Levanta-se o grito de Maira Shahbaz: “Quem vai ajudar-nos? Quem vai falar por nós? Quem se preocupa com a nossa situação?”
Mesmo aqui na moderna Europa, vão-se verificando atropelos à liberdade religiosa, desconsiderando-se a religião, desde aqueles que querem limpar o espaço público das referências religiosas, àqueles que querem obrigar as religiões a esconder-se, remetidas, dizem, “à esfera privada de cada um”, e só devendo exercer a sua atividade nos seus templos. Não. As religiões têm o seu espaço na praça pública e merecem respeito.