Terça-feira, 14 de Janeiro de 2025
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A longa espera

A aurora raiara forte naquele germinar de dia em Jerusalém. A estação das chuvas terminara e a cidade readquiria o seu frenesim. Caravanas vindas do deserto, comerciantes em camelos, peregrinos a pé, começavam a entrar pelos grandes portais sobranceiros ao Vale de Cédron. Do alto da amurada, Pôncio Pilatos olhou o céu e franziu o sobrolho. Dormira mal. Desde a madrugada que andava apreensivo e não sabia porquê. Pressentia algo de estranho no ar ainda fresco da manhã. Era Domingo de Ramos, fraca data para quem queria manter a ordem romana na cidade.

Cá em baixo, junto ao Mercado, sob a protecção das grandes muralhas de leste, erguia-se a casa rica de Hotep, o egípcio. Era um homem atarracado mas desempenado, para lá dos cinquenta anos, que fizera do comércio a sua forma de vida e enriquecimento. Como todos os dias, Hotep descia ao curral logo após o sol nascer, para cumprimentar e dar alimento ao seu amigo, Nebi, um burro que o acompanhara desde os tempos em que palmilhava Alexandria à cata de negócios onde saciar a ambição. Comprara-o em Atribis, cidade no delta do Nilo, a Grande Alma do Egipto, quando, um dia, um judeu desesperado lho vendeu a troco de umas míseras moedas com que,

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