Comecemos pelas lições doutrinais. Se tínhamos dificuldade em entender o conceito de redenção, que faz parte da doutrina católica, a pandemia está a dar uma grande ajuda. Um vírus invisível e sorrateiro está a perturbar a nossa vida e não nos deixa viver como de facto gostaríamos. Sentimo-nos oprimidos e condicionados na nossa liberdade. É o que a Igreja chama a atenção para as consequências do pecado, qual vírus invencível que entrou no mundo, na história e na vivência humana. E a força do pecado tornou-se de tal forma profunda e poderosa, que só uma intervenção de Deus nos poderia libertar do pecado opressor e nos restituir a verdadeira liberdade para a qual fomos criados. Foi a redenção realizada por Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Diz-se que o mundo de hoje perdeu a noção de pecado. É bom que a recuperemos, sem medo da acusação de arcaísmo intelectual, se queremos de facto ser mais livres e humanos. Andamos a fazer muita coisa que não deveríamos fazer a nós mesmos, aos outros e ao mundo. Por outro lado, estamos a ver como ser livre e viver em liberdade é uma grande responsabilidade. O que fazemos ou deixamos de fazer tem sempre impacto nos outros. Daí que a liberdade tenha de ser orientada pelo bem, pela retidão, pela justiça e pela verdade, e não pela impulsividade e vontade egoísta e caprichosa de cada um. Deixa de ser liberdade.
Os infetados assintomáticos lembram-me os muitos católicos assintomáticos, que não fazem a diferença nas muitas realidades da vida em que vivem e trabalham. Dissolvem-se na multidão e não deixam a marca cristã. Carregam o Espírito Santo dentro deles, dizem que têm fé em Deus e que estão dispostos a viver e a testemunhar o Evangelho, mas depois na vida não se vê nada, não mostram sintomas da boa força de Deus que receberam e da fé que dá sentido às suas vidas, não testemunham os valores cristãos. Jesus alertou-nos: se não temos uma presença e um testemunho convicto e coerente na vida, só servimos para deitar fora.