Desde há muito, que alguns responsáveis dos Hospitais Públicos vêm chamando à atenção para as dificuldades em gerir estas Unidades Hospitalares, com as restrições orçamentais a que se veem sujeitos. É do domínio público que a dívida destes a fornecedores é de montantes impressionantes, como é proverbial já o atraso de meses e meses no pagamento. Para além do desconforto, deve originar carências de toda a ordem nos serviços de aprovisionamento, e até naturalmente, na rutura de stocks nos medicamentos.
Surge agora a ADSE, um Instituto Público de Gestão Participada a ser posta em causa, por eventuais dívidas não pagas, por serviços prestados pelas Unidades de Saúde Convencionadas. É evidente que os associados deste Instituto entraram em pânico, perante a possibilidade deste sistema, inteiramente suportado pelas suas quotizações, poder vir a acabar.
Se, por absurdo tal viesse a acontecer, imagine-se o que seria o SNS, leia-se Hospitais Públicos e Centros de Saúde, com a chegada de mais de um milhão de utentes. Embora a responsável ministerial pela pasta da Saúde tenha dito, que se a ADSE estoirar não é o fim do mundo, porque o SNS nunca deixou ninguém à porta. Porém, António Costa, apressou-se a vir corrigir esta sua colaboradora, afirmando o que parece óbvio, é preciso serenidade, dando uma palavra de tranquilidade a todos os beneficiários: sei bem o que representa a ADSE para cada um deles.
Também o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, veio colocar alguma sensatez em todo este processo afirmando que encarar esta situação de forma leviana e carregada de preconceitos ideológicos pode contribuir, em última análise para acabar com a ADSE e fragilizar ainda mais a capacidade de resposta do SNS.
A Lei de Bases do Serviço Nacional de Saúde tão à pressa levada a discussão na Assembleia da República é também ela um documento, que subliminarmente aponta para acabar com as unidades privadas de saúde, (hospitais, casas de saúde, …) e até mesmo as unidades de saúde do setor social, como são, a título de exemplo, as misericórdias. Intenção, que dois dos Partidos da Geringonça nunca ocultaram, na sua voracidade de acabar com o setor privado da economia.
De resto, sempre nos pareceu que, quer os hospitais privados, Unidades Hospitalares das Misericórdias, ou o Hospital e Unidades de Saúde da Cruz Vermelha, são parte integrante do Serviço Nacional de Saúde. Porquê? Porque o serviço que prestam é de eminente interesse público. Se este serviço é pago pelo bolso dos utentes ou do Estado é questão que não interessa a quem a ele recorre. É uma falácia, diríamos, pura demagogia, acabar com este serviço hospitalar de saúde, só por uma mera questão ideológica. Deixem os utentes decidir onde é que desejam ser tratados, tão simples, quanto isso.
Por isso é que nos parece que é a saúde que está doente, ou melhor, quem superintende no sistema. Um sistema que, com todos as deficiências, é um dos melhores, quando comparado com o de outros países, eventualmente até com um nível de desenvolvimento superior.
Dê-lhe o Orçamento de Estado os meios que anualmente lhe aprova a Assembleia da República e deixem os seus profissionais – médicos, enfermeiros e outros trabalhadores, cumprir as suas tarefas. A saúde do sistema voltará.