Terça-feira, 21 de Janeiro de 2025
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“A situação está a atingir uma dimensão insustentável”

Suspensas desde o final de Junho, e pela terceira vez desde o seu início, as obras do Túnel do Marão continuam paradas e sem respostas. Se muitos trabalhadores já foram transferidos, muitos outros desesperam enquanto não se vê a “luz ao fundo do túnel”. O sindicato promete não abaixar os braços e não descarta a possibilidade de uma manifestação em Lisboa.

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Reivindicando o reinício imediato das obras do Túnel do Marão, e lamentando a falta de atenção por parte do Governo, Albano Ribeiro, presidente do Sindicato da Construção de Portugal (SPC), adiantou, no dia 25, a possibilidade dos trabalhadores “acamparem” junto ao Ministério da Economia como forma de protesto.

Segundo o dirigente sindical, a nova paragem na obra afectou cerca de 1400 trabalhadores, dos quais alguns foram transferidos pelas suas empresas e outros imigraram, mas muitos estão “abandonados” sem salário nem direito a fundo de desemprego. “Estamos a falar de famílias que já não têm como pagar as suas contas aos bancos, ou mesmo como pagar os livros da escola para os seus filhos”, referiu Albano Ribeiro, acusando o Governo de “insensibilidade” por ainda não ter respondido ao pedido de audiência para a discussão de um problema que está já a tomar uma “dimensão insustentável”.

Numa conferência de imprensa realizada numas das ‘bocas’ do Túnel do Marão, o sindicato lamentou ainda a falta de comparência dos autarcas de Vila Real e Amarante, e dos deputados da Assembleia da República eleitos pelos círculos de Vila Real e do Porto. “Não respeitaram o convite, não respeitaram os trabalhadores e as populações”, criticou o sindicalista, advertindo que os mesmos responsáveis, mais cedo ou mais tarde, vão ter que responder pela sua ausência.

Apesar de não haver quaisquer explicações públicas sobre a nova suspensão da obra, Albano Ribeiro explicou que, segundo “uma fonte segura”, esta deve-se a um corte financeiro por parte sindicato europeu de financiamento. No entanto, o mesmo responsável considera que “não há qualquer motivo para a obra estar parada”, tendo em conta que, por exemplo, no caso da Auto-estrada Transmontana, um projecto também orçado em várias centenas de milhões de euros, os trabalhos não só estão a avançar, como os trabalhadores fazem “quatro horas extras por dia”.

Com cerca de dois quilómetros perfurados numa das entradas e um e meio na outra, a “manutenção dos túneis custa muito dinheiro”. “Cada dia que passa são milhões de euros de prejuízo para as empresas, trabalhadores, economia local e erário público”, frisou o presidente do sindicato.

De recordar que esta é a terceira interrupção na construção do Túnel do Marão, sendo que das primeiras duas vezes a situação teve a ver com providências cautelares levantadas por um privado e provocou um atraso de mais de seis meses na obra.

Com um investimento de construção na ordem 350 milhões de euros, a obra, agora parada, previa a mobilização de cerca de uma centena de pequenas e médias empresas e mais de 1400 pessoas.

O troço do Túnel do Marão (30 quilómetros de extensão, sendo que o túnel propriamente dito contará com 5,6 quilómetros), que ligará os concelhos de Amarante e Vila Real, beneficiando directamente cerca de 120 mil habitantes, será depois complementado com a construção da chamada Auto-estrada Transmontana, que, com 186 quilómetros de via, e também já em obra, ligará a capital vila-realense a Bragança num investimento de 500 milhões de euros, constituindo assim a totalidade da A4.

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