Sexta-feira, 6 de Dezembro de 2024
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António Martinho
António Martinho
VISTO DO MARÃO | Ex-Governador Civil, Ex-Deputado, Presidente da Assembleia da Freguesia de Vila Real

Abril, 45º aniversário

Progressivamente, as comemorações do 25 de Abril de 1974 têm vindo a tornar-se uma celebração, uma festa da democracia.

O que realço como muito positivo. Aliás, nos regimes democráticos, cada povo tem a sua maneira de celebrar a democracia. Há dias, num dos canais televisivos, vi invetivar a transição de Espanha, hoje (no dia em que escrevo) em eleições, para o regime democrático. Decerto que esse analista/comentador/ou lá o que é – seguramente, um dos habitués, daqueles que, a todo o custo, nos pretendem impingir o seu ponto de vista – nunca teve a oportunidade de ver como as instituições democráticas de Espanha celebram o seu dia da Constituição. Em tempos, visitei Ourense nesse dia que, naquele ano, ocorreu pouco após um atentado terrorista. A convite do Delegado do Governo, estive nas cerimónias oficiais. Nunca esquecerei a forma como esse dia foi celebrado. Bem diferente do que se poderia deduzir das afirmações do tal opinion maker.

Pois por cá, também se celebrou Abril. De várias formas, claro. Registei com muito agrado a Sessão Solene da Assembleia Municipal (AM). Com o tema da inclusão, a AM de Vila Real trouxe-nos à memória uma das componentes do “Democratizar” que a Revolução dos Cravos nos deu. É que Liberdade/Igualdade sem Fraternidade, – designe-se, porventura, por Solidariedade – não é perfeita. E a AM de Vila Real obrigou-nos, proporcionou-nos, um belíssimo momento de reflexão sobre as questões que têm a ver com as pessoas portadores de deficiência e a importância das questões que lhes dizem respeito na governança da polis. O convidado, engenheiro Márcio Martins, transportou para a nossa reflexão a sua vivência de um bom punhado de anos. E há medidas, algumas bem simples, que podem criar condições bem diferentes para a qualidade de vida de todos os que são a comunidade local!

Já começa a ser um momento habitual. O Centro Escolar das Árvores, de há uns anos para cá, tem feito questão de me envolver nas atividades de celebração, à sua maneira, do Abril de 1974. (A propósito, um aluno lembrou-me que tinha havido democracia antes de Salazar, a sinalizar alguma investigação e conversas em família sobre o tema). É gratificante oferecer um pouco do meu tempo a esta Escola e a estas crianças do 4º ano. Desta vez, abordámos, na conversa e com algumas imagens, aspetos dos tais 3 Dês. E parámos por algum tempo nas questões da inclusão e da igualdade de direitos. Mesmo quando surgiram divergências na interpretação de momentos considerados emblemáticos da manhã em que os militares viram surgir na ponta dos canos da G3 cravos no lugar de balas.

De Lisboa, a televisão trouxe-nos o habitual. Foi bom ver os visitantes do Palácio de São Bento, sede da Casa dos Deputados que o povo elege, e da Residência Oficial do Primeiro-Ministro manifestarem o seu agrado por poder estar ali, naqueles locais, normalmente distantes. Em ambiente de festa, pois claro. Porque Abril tem mais sentido se for festejado.

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