Terça-feira, 10 de Dezembro de 2024
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Acolher o Sonho de Deus

Chegamos ao fim de 2020 mais tristes, mais pobres, desorientados, letárgicos, inseguros, desconfiados e medrosos.

Que as vacinas, que aí vêm para a humanidade, nos ajudem a vencer a sigilosa e sinistra criatura viral que nos amedrontou e roubou a vida e a alegria de viver nos últimos meses, e quebrem rapidamente o gélido medo que tomou conta da humanidade! Esta pandemia foi sobretudo um estrondoso rombo no orgulho e na altivez do homem contemporâneo, que se ufana ou ufanava de já ser controlador e dominador de quase tudo, e se acreditava senhor de si e de todas as coisas, perseguindo obsessivamente sonhos loucos de poder e pérfidos níveis de vida. 

É tempo de fazer contas à vida. Que homem ou mulher somos neste momento? Em que humanidade nos tornámos depois de termos descido às profundezas da nossa fragilidade e da nossa insignificância? Que ser humano queremos agora ser uns para os outros e que novo rumo estamos dispostos a dar à vida e ao mundo? Que homem e mulher vão sair desta fulmínea e colérica pandemia? Mal da nossa sorte se tudo isto não passar de uma forçada intermitência e vamos já a correr para a vetusta e desequilibrada vida que estávamos a viver, assente em valores e pilares inconsistentes e efémeros, geradores de injustiça, desumanidade, solidão, escravidão e infortúnio.

Diz D. José Tolentino Mendonça: «O Papa em alguns momentos diz que precisamos de um sonho. Há na nossa geração déficit de sonho, de capacidade de sonhar, e precisamos juntos de forma polifónica, universal, construir a visão de um mundo mais justo, mais fraterno, onde uma amizade social e vontade de entrar em diálogo seja uma realidade». Há dois mil anos Deus veio partilhar connosco o seu sonho: com o seu Filho enviado ao mundo, construir connosco uma verdadeira fraternidade entre todos os povos e todas as pessoas e edificarmos a civilização do amor para todos, com vida em abundância para todos, o que Jesus chamou o Reino de Deus. Caberá este Reino nos novos tempos que queremos construir? Será que Deus cabe nos nossos prioritários sacrossantos macroprojectos que já andamos a elaborar? Ou vamos remetê-lo, mais uma vez, para uma incógnita hospedaria, reduzindo-o à irrelevância, até arrastarmos a humanidade para outro tempo sem sentido e sem futuro?  

Vamos ter um Natal diferente, é verdade. Que todos os cristãos e todas as famílias se deixem envolver pelo amor sempre novo de Deus e pela verdadeira luz que nos aponta caminhos para uma nova época. Bom Natal. 

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