A Adega Alves de Sousa, na Cumieira, concelho de Santa Marta de Penaguião, desenhada pelo arquiteto vila-realense Belém Lima, é uma das obras nomeadas na edição de 2015 dos Prémios Mies van der Rohe.
Criado há 25 anos, o prémio é considerado como um dos “mais prestigiados” no mundo da arquitetura a nível europeu, apresentando-se na competição 140 obras de 28 países.
“Vi a nomeação com agrado e com alguma surpresa”, explicou Belém Lima sublinhando a importância do prémio e o facto de “quase todos os grandes arquitetos” já terem merecido o reconhecimento europeu.
Criado pela Fundação Mies van der Rohe, o prémio está atualmente enquadrado na União Europeia, agora a responsável pela sua atribuição.
A primeira obra a merecer a distinção, em 1988, era da autoria do arquiteto português Siza Vieira, que venceu com o edifício de uma agência bancária em Vila do Conde.
Belém Lima entra na ‘corrida’ com a Adega Alves de Sousa, um edifício concluído recentemente em pleno Douro e que tem uma “ uma identidade que não se sobrepõe ao território” apesar de ter uma “presença inequívoca”.
Além dessa integração na paisagem, outra preocupação do arquiteto foi garantir a sua funcionalidade, o “seu lado muito objetivo, muito pragmático”, uma vez que se trata de um edifício que “pretende, sobretudo, ajudar a fazer os vinhos”, ao mesmo tempo que “elogia” o setor vitivinícola.
“Quando entramos na adega sentimos, percebemos, entendemos, a tarefa do fabricar do vinho, desde o momento da chegada das uvas (num lugar especial pela paisagem) até todo o caminhar no interior, que é feito de forma a percebemos o processo de produção”, explicou o autor do projeto.
Belém Lima sublinhou ainda que a adega “tem uma construção coerente e sólida” e opções estéticas que despertam expectativas relativamente ao seu interior. “Por fora não imaginamos o que está dentro. É enigmática. O seu volume extravasa a imagem tradicional de um armazém”.
As questões da sustentabilidade do edifício foram também tidas em conta através da “qualidade térmica e ambiental interior”, da “aposta muito grande no protagonismo da luz natural” e no “posicionamento estratégico da sala de barricas enterrada”.
O arquiteto vila-realense acredita que mesmo que não seja o vencedor, a nomeação já é muito positiva para a região, uma vez que a Adega Alves de Sousa irá representar o Douro em várias exposições das obras nomeadas que vão percorrer a Europa.
Em Portugal são 19 os nomeados, sendo que ao lado da adega da Cumieira vão concorrer, por exemplo, o Museu da Oliveira e do Azeite (Mirandela), o Centro de Alto Rendimento de Remo do Pocinho (Vila Nova de Foz Côa), o Pavilhão Multiusos de Viana do Castelo, o Centro de Artes Contemporâneas da Ribeira Grande (Açores) ou a Remodelação geral da sede do Banco de Portugal (Lisboa).