Domingo, 3 de Novembro de 2024
No menu items!

Adegas perdem 11 por cento no volume total de produção do Douro

Na Região do Douro, em 2005, as cooperativas tinham 40 por cento do volume da produção, em 2007 já só tinham 29 por cento dessa mesma produção. Estes números foram avançados pelo secretário de Estado da Agricultura e das Pescas, Luís Vieira, que considera esta redução “um sinal claro que as uvas estão a deixar de ser entregues no sector cooperativo e estão a passar para o sector privado”.

-PUB-

“Não interessa meter a cabeça na areia e fazer de conta que as coisas não existem. Estes números levam-nos a pensar que há qualquer coisa que não funciona, uma vez que em apenas dois anos, o sector cooperativo perdeu quase 30 por cento do volume de vinho para o sector privado”. Este membro do Governo, que esteve na região duriense, sublinhou alguns dos problemas que afectam o cooperativismo no Douro e deixou alguns “recados” ao sector.

“A região do Douro tem vinte cooperativas. São muitas organizações e temos que encontrar soluções que permitam recentrar este movimento cooperativo. Teremos que redimensionar o sector, fazer a concentração de algumas organizações para se conseguir reduzir os custos operacionais e tornar o sector mais competitivo. Mas, de nada vale concentrarmos organizações se não tivermos uma gestão profissionalizada, uma visão empresarial orientada para o mercado. Este é o caminho que as cooperativas têm de seguir e procurar”.

Numa alusão directa ao atraso no pagamento de colheitas que afectam muitos associados das adegas da Região Demarcada, o secretário de Estado foi incisivo para evitar a “fuga” dos sócios das Adegas. O governo já anunciou, para o sector agro-industrial, uma linha de crédito de 175 milhões de euros. “Vamos privilegiar, com bonificações nas taxas de juro, a concentração das organizações, quer sejam cooperativas quer sejam privados”.

Os pagamentos aos sócios das cooperativas também mereceram um reparo. “Temos que pagar atempadamente o preço justo pelas uvas, aos produtores, nomeadamente àqueles que exploram pequenas propriedades, e que, por vezes, têm rendimentos baixos. É isso que o sector privado está a fazer aos vitivinicultores, pagando no acto da entrega da produção”.

Para tentar inverter esta situação, os dirigentes terão que ter vontade e capacidade para encontrar as melhores soluções de profissionalizar o sector. “As Adegas têm de ser mais exigentes, rigorosas e verificarem os resultados anualmente para fazerem cada vez melhor”.

Por outro lado, Luís Vieira enalteceu os produtores-engarrafadores e as empresas pela sua organização. “O sector privado vê o seu mercado cada vez mais consolidando, onde têm já os seus próprios produtores fazendo contratos de dois a três anos para fixar os preços e garantir o escoamento dos vinhos. Este sector privado, pela organização que já tem, vai conseguir manter-se de forma sustentável ao longo de vários anos”. Porém, o secretário de Estado considera que o co-operativismo “presta um papel social” importante. “É uma estrutura organizativa que dá resposta aos anseios dos agricultores. Para além da componente social, também é portador de princípios e valores. Mas, estamos num mercado global, por isso é necessário que estas organizações se pautem por uma dinâmica empresarial para enfrentar as novas exigências do mercado globalizado, onde deve imperar o profissionalismo e a excelência da gestão”.

A reestruturação da vinha na Região Demarcada do Douro foi um assunto também focado pelo responsável governamental. “Nos últimos 8 anos, foram recuperados cerca de 9 mil hectares de vinha e investidos 100 milhões de euros para esta restruturação. O último ano foi o mais dinâmico. Esta região atingiu 30 por cento de área reestruturada a nível nacional e 43 por cento da verba prevista para 2008. Ou seja, foram canalizados 19 milhões de euros. Isto demonstra, claramente, que a região acredita que é possível modernizar. As candidaturas para a restruturação da vinha vão continuar e já em Abril vão abrir as candidaturas”.

Os novos desafios que se colocam ao sector do vinho são importantes e é uma das prioridades do Governo, como nos referiu Luís Vieira. “Há que reestruturar a vinha e fazer a devida promoção do vinho português no Mundo”.

Luís Vieira garantiu que o Governo vai continuar a apoiar o sector vitivinícola. “Já foram criados mecanismos de apoio. O sector do vinho é um sector estratégico da agricultura portuguesa e nós vamos continuar a apoiar a modernização das explorações agrícolas, a transformação, a comercialização, a valorização dos produtos com o apoio aos pequenos produtores, nomeadamente através de medidas compensatórias”.

Para as cooperativas, empresas e organizações que apresentem estratégias comerciais para o mercado internacional há disponíveis 20 milhões de euros, por ano, para a promoção do vinho. Em breve, vão abrir as candidaturas para a produção de vinhos no mercado comunitário.

Uma última nota curiosa sobre a Região Demarcada do Douro. A medida comunitária compensatória para o arranque de vinha não teve qualquer expressão na região duriense. Dos 5 mil hectares previstos de Bruxelas, o Douro arrancou apenas entre 3 a 4 hectares. Assim, foi quase nula a procura do arranque de vinha na região, ao contrário do que aconteceu no resto do país.

APOIE O NOSSO TRABALHO. APOIE O JORNALISMO DE PROXIMIDADE.

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo regional e de proximidade. O acesso à maioria das notícias da VTM (ainda) é livre, mas não é gratuito, o jornalismo custa dinheiro e exige investimento. Esta contribuição é uma forma de apoiar de forma direta A Voz de Trás-os-Montes e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente e de proximidade, mas não só. É continuar a informar apesar de todas as contingências do confinamento, sem termos parado um único dia.

Contribua com um donativo!

VÍDEOS

Mais lidas

ÚLTIMAS NOTÍCIAS