Há 350 pessoas envolvidas nessa assembleia: 244 Padres sinodais ou Bispos (sendo 197 africanos, 34 da Europa, 10 da América, 2 da Ásia, 1 da Oceânia), 49 Auditores (29 homens e 20 mulheres), 29 peritos (19 homens e 10 mulheres), delegados fraternos (de outras confissões religiosas), 25 chefes de dicastérios da Cúria romana. Alguns bispos são convidados pelo Papa (entre eles o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, actualmente o arcebispo de Braga) e dezenas de pessoas para os indispensáveis serviços de preparação dos textos, de tradução simultânea, acompanhamento e segurança. Dos 53 países da África há, pelo menos, um bispo de cada um.
As línguas oficiais são o inglês, francês e português, mas também se pode falar italiano, havendo tradução simultânea.
Uma primeira observação seria a despesa que isto acarreta, aspecto importante mas secundário perante a importância do que está em causa. Um factor imediato dessa importância radica na possibilidade de muitos bispos de países tão distantes e diferentes se poderem encontrar pela primeira vez e analisar os desafios da evangelização. Só por si esta experiência justificava o Sínodo: numa época dominada pela globalização económica e social exige-se que o trabalho pastoral se faça também de modo concertado.
A África é o terceiro continente mais extenso (depois da Ásia e das Américas), é o segundo mais populoso (depois da Ásia), com 900 milhões de pessoas (um sétimo da população do mundo). Em África, a percentagem de católicos é de 17,96%, de 4,3 na Ásia, de 25,1 na América do Norte, de 26,8 na Oceânia, de 36,4 na Europa, de 83,3 na América latina. Para 2050 prevê-se que a África tenha 342 milhões de católicos, logo depois da América latina que terá 646 milhões, ficando os outros continentes atrás da África.
2 – Esclareça-se desde já que um Sínodo é diferente de um Concílio Ecuménico ou universal. Trata-se de uma assembleia de Bispos para reflectir sobre a Igreja em África, em ordem ao estudo pastoral da acção da Igreja. «Não se trata de a África reflectir sobre a África, mas de uma reflexão da Igreja sobre a África». É o Papa quem preside ao Sínodo e nele tomam parte bispos e especialistas não africanos. O Papa reserva as suas intervenções para a abertura e encerramento o Sínodo e faz reflexões pontuais na oração inicial de cada dia.
Na abertura, Bento XVI afirmou que «a independência política de muitas nações africanas não lhes trouxe a independência económica». Continuam sujeitas às políticas económicas dessas potências e, de si, vivem exclusivamente da agricultura e exportação das riquezas naturais. «A África representa um «tesouro para o mundo actual, que parece numa crise de fé e de esperança. «Quando se fala do tesouro africano, pensa-se logo nas riquezas minerais de África que têm gerado cobiças e conflitos, mas o tesouro a que nos referimos é a alma religiosa de África. Ainda que com diferenças profundas, o africano tem em Deus a fonte de vida, e tem a família natural como base da sociedade. Esse pulmão pode adoecer, continua o Papa, ameaçado por duas patologias: uma, já comum ao Ocidente, é o materialismo prático, aliado ao pensamento relativista e niilista; o segundo vírus é o fundamentalismo religioso, combinado com interesses políticos e económicos».
Deste modo, as potências estrangeiras, terminado o colonialismo político, continuam a exercer um colonialismo económico e ideológico, exportando para lá os «resíduos espirituais tóxicos» de uma cultura sem valores morais sólidos e a militância de grupos religiosos fundamentalistas que fazem crescer a luta violenta.
O tema do Sínodo é «O contributo da Igreja para a reconciliação e a fraternidade de uma sociedade violenta». Nesse clima de violência intervêm também a cultura tribal e as crendices e bruxedo que vitimam centenas de crianças.