“Acredito que dentro de aproximadamente dez dias a situação esteja resolvida”, adiantou, ao Nosso Jornal, José Maria Magalhães, director do Agrupamento de Escolas Diogo Cão que, à semelhança de outros, ainda não oferece às crianças as Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC).
Apesar das aulas terem começado oficialmente na segunda-feira, o serviço de desdobramento de horário, ou as chamadas AEC, que no ano passado eram da responsabilidade da Câmara Municipal e que agora passaram para os agrupamentos, nomeadamente as aulas de inglês, música e actividade física e desportiva, ainda não está em funcionamento devido a um atraso na contratação dos professores.
Segundo o director do agrupamento Diogo Cão, para além da confirmação de que o serviço passaria a ser gerido pelo agrupamento ter sido dada “tardiamente”, trata-se de um processo “moroso e complicado” que implica a contratação de muitos docentes.
Outro aspecto que atrasou o processo prendeu-se com o facto de o agrupamento ter optado por oferecer às crianças as três disciplinas. “Podíamos ter assumido apenas o mínimo obrigatório, que era o inglês, mas depois de reunir com os pais, optamos por garantir aos alunos aquilo que tiveram acesso no ano passado”, explicou o mesmo responsável, referindo ainda que houve também uma concertação com o Agrupamento de Escolas Monsenhor Jerónimo do Amaral para evitar a diferenciação da oferta educativa nas várias escolas dos dois agrupamentos.
Apesar da justificação, a verdade é que o atraso tem causado incómodo para muitos pais trabalhadores, que têm que se desdobrar para, além de buscar as crianças na hora do almoço, encontrar uma solução para a parte da tarde, para um horário que deveria ser preenchido com as AEC.
Na porta da escola Carvalho Araújo, ontem, o Nosso Jornal encontrou António Ribeiro que foi buscar filho e sobrinhos à hora do almoço. Apesar de testemunhar que no seu caso a falta dos serviços não causa grande transtorno, porque tem a possibilidade de alternar as responsabilidades com um cunhado, admitiu estar “solidário” com outros pais, “para quem é muito complicado ir buscar as crianças”.
“Sem as actividades da tarde ainda é pior”, considerou o encarregado de educação, revelando não ter conhecimento exacto da data em que as AEC irão começar, mas adiantou que as últimas informações a que teve acesso apontavam para o mês de Outubro.
“Não sei se há pais mais informados do que eu, mas eu ainda não sei quando poderão começar as actividades e o almoço”, explicou Carlos Paulo, pai de uma criança do segundo ano de escolaridade e que, ontem, à hora do almoço, também esperava à porta da Escola Carvalho Araújo. Apesar de se mostrar “habituado” com os atrasos, “que se repetem no início de cada ano”, o encarregado de educação lamenta a situação e o grande transtorno que causa aos pais. “Era bom que tivessem iniciado o ano lectivo dentro do estabelecido, assim temos que nos desdobrar para dar o apoio necessário às nossas crianças”, sublinhou.
José Maria Magalhães revelou que já foi publicado na imprensa o concurso público para a contratação de 10 professores de inglês, 15 de música e 21 de actividade física e desportiva, sendo que o período para a apresentação de candidaturas deverá culminar no início da próxima semana.
Quanto às refeições, Dolores Monteiro, vereadora da Câmara Municipal de Vila Real responsável pelos pelouros da educação e da acção social, explicou que estas estão a ser servidas desde segunda-feira, à excepção das escolas onde o desdobramento do horário ainda não está a ser cumprido pelos agrupamentos, como acontece na Carvalho Araújo, por exemplo, ou no caso de pais que não preencheram correctamente a documentação ou que, apesar de se terem candidatado ao serviço, não cumpram os requisitos.
“A empresa é nova, assumiu o serviço há três dias, por isso é normal que haja falhas próprias de quem não conhece o serviço, de quem não conhece o terreno”, considerou a vereadora sobre as refeições que estão a ser servidas a centenas de crianças, deixando a certeza de que os problemas serão resolvidos em breve.