Em Vila Chã, concelho de Alijó, António Fernandes, de 69 anos, foi eleito pela primeira vez como presidente da Junta em 1993. Também foi vereador na autarquia, mas é na Junta que se sente bem. Entrou para a política por mero acaso, mas o gosto veio depois, no contacto com a comunidade, a quem tem procurado servir da melhor forma que pode e sabe.
“Sempre tive uma vida profissional muito ocupada e não me passava pela cabeça ter tempo para política”. No entanto, “fui desafiado a integrar uma lista à Junta, que venceu as eleições, onde desempenhei as funções de secretário e, mais tarde, fui eleito presidente”, acumulando uma “experiência de 30 anos”, numa altura em que não havia as limitações de mandatos, tal como acontece hoje.
“Aquilo que me motiva são as pessoas, já que gosto de resolver os seus problemas”, revela, adiantando que não faz distinção na hora em que é procurado pelos seus fregueses. “Muitas vezes, sou acusado de ajudar mais aqueles que me fazem mal do que quem me quer bem”.
António Fernandes afirma que se sente bem em saber que tem meios para ajudar as pessoas. “Ao ser presidente de Junta, temos meios para resolver alguns problemas da comunidade”. Mesmo assim, “posso afirmar que 80% daquilo que faço não tinha obrigação de fazer”, exemplificando com os contratos que as pessoas dizem não ter feito com empresas de eletricidade ou de telecomunicações. “Se conseguir resolver, fico mesmo satisfeito, sinto-me bem interiormente”.
Apesar de gostar de ser autarca, António Fernandes admite que a política já lhe trouxe dissabores. “Há pessoas que não se dão comigo, por causa da política, mas na minha vida profissional e de autarca nunca “atropelei” ninguém para chegar onde cheguei”.
O autarca diz conhecer os seus fregueses pelo nome, mas também os seus problemas. “Nas eleições autárquicas, as pessoas votam sobretudo na pessoa e não no partido”.
Sobre o futuro, António Fernandes, que vai no segundo mandato, não sabe se será candidato nas próximas autárquicas. “Ainda não pensei nisso. Mas aquilo que posso afirmar é que quando me levantar e não tiver nada para fazer, isso não será bom para mim, fico doente”.