Com mais de dois milhões de documentos já disponibilizados livremente na sua página da Internet, o Arquivo Distrital de Vila Real (ADVR), que este ano completa o seu 45º aniversário, é hoje, o terceiro a nível nacional, com o maior o maior número de informações on-line.
Segundo Manuel Silva Gonçalves, director do ADVR, aquela instituição pública foi uma das primeiras do distrito a ‘entrar’ no mundo virtual, tendo apostado em força na sua página da internet, sobretudo nos últimos cinco anos, o que permitiu que hoje se encontre apenas atrás do Arquivo Nacional da Torre do Tombo e do Arquivo Distrital do Porto, no que diz respeito a documentos disponibilizados on-line.
“Através da nossa página, as pessoas sentem-se dentro da instituição”, explicou o director do arquivo sobre um trabalho contínuo que facilita a vida a todos aqueles que precisam recorrer aos seus serviços e que garante o total “rigor e transparência” inerentes ao seu funcionamento.
Com um acesso fácil e uma navegação rápida, qualquer pessoa pode, através do site www.advrl.org.pt, consultar os mais variados documentos, desde uma certidão de nascimento até ao registo de compra ou venda de uma propriedade ou a atribuição de um passaporte, passando pelos mais variados testemunhos do passado colectivo e individual dos vila-realenses.
A documentação do arquivo, “proveniente das mais diversas instituições quer públicas, quer privadas do distrito, ostenta uma cronologia compreendida entre 1472, data do seu documento mais antigo, e 2003, atingindo um volume que ronda os 3.000 metros lineares”.
Manuel Silva Gonçalves destaca, entre o legado do arquivo, “quer pela sua dimensão, quer pelo seu valor informativo, os fundos paroquiais, notariais, judiciais e municipais, o fundo do Governo Civil de Vila Real e o fundo da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real”.
A título de exemplo, e para dar uma ideia sobre a dimensão dos arquivos do ADVR, de sublinhar que este recolhe toda a documentação do Registo Civil de Vila Real com mais de cem anos, o espólio do Tribunal de Vila Real, com mais de 50 anos, e dos serviços notarias, com mais de 30.
Apesar da aposta nas novas tecnologias, que segundo o mesmo responsável não podem ser consideradas como uma nova forma de conservação ou preservação dos documentos mas sim como um instrumento de divulgação mais eficaz, anualmente o espólio do arquivo cresce, estando previsto, a curto prazo, se forem feitas todas as incorporações necessárias, uma “duplicação dos fundos”. “Temos vindo a fazer as incorporações com algum controlo”, explicou o director, referindo que, caso contrário, dentro de um ou dois anos as actuais instalações entrariam em ruptura.
Com uma capacidade actual para acolher cerca de cinco quilómetros de documentos, prevê-se que nos próximos dez anos os fundos atinjam os 10 quilómetros.
Vários espaços do edifício do ADVR já foram transformados em salas de depósito, nomeadamente o salão nobre e duas salas de leitura. “Em breve teremos também que fazer o projecto de transformação do auditório, que noutros tempos foi muito utilizado pela comunidade mas que agora, com a abertura de outros espaços de maior dimensão, tem pouca utilização”, explicou o mesmo responsável, colocando ainda a hipótese de transformar a sala de exposições, onde se encontra patente uma exposição permanente sobre o ADVR.
No futuro, terão que ser encontradas outras soluções, espaços fora das instalações. “Até pode ser um armazém, desde que sejam garantidas as condições de temperatura, humidade e segurança necessárias”, adiantou.
Para já, outro esforço feito pelo arquivo passa por apoiar algumas instituições no trabalho de inventariar e preservar os seus documentos, permitindo assim que, por exemplo, as autarquias, Misericórdias e mesmo a Casa do Douro, possam manter nas suas instalações os seus espólios, o que também vem garantir a manutenção da proximidade entre essas instituições e os documentos que encerram a sua história.
Garantindo um serviço de divulgação on-line de excelência, o arquivo contabiliza uma média de mais de 6000 visitas por mês na sua página da internet, e apesar de ter ‘perdido’ um grande número vistas presenciais às suas instalações, ainda recebe uma média de 10 a 12 pessoas por dia.
No total, ou seja, presencialmente, via internet ou por telefone, o ADVR efectua mais de 500 atendimentos mensais, contando ainda em simultâneo com intensa actividade editorial, que engloba a colecção “Arquivos de Trás-os-Montes e Alto Douro – Instrumentos de Descrição”, a série “Memórias do Tempo”, a revista de cultura “Estudos Transmontanos e Durienses” e a publicação “Memórias de Vila Real”.