Como o tema tem grande acuidade e pode ser visto pela positiva, a partir de vários ângulos, achei por bem inscrever-me para participar. O programa foi avançando e, a certa altura, lá surgiu um ouvinte com o discurso de que as alterações climáticas são uma invenção, sem fundamento científico. Quando, há uns meses, chegou a Portugal, o movimento iniciado por Greta Thunberg, a jovem sueca de 16 anos que nos tem mostrado que algo se pode fazer, a partir de nós próprios, para que as gerações futuras possam receber um Mundo mais sustentável, também se ouviram algumas vozes a “mandar estudar” os alunos das escolas secundárias em manifestação, ou a tentar apresentar maus exemplos das práticas dos jovens. O habitual. Que se lamenta pela inconsciência que tal evidencia.
Valeu naquele momento da Antena Aberta a intervenção esclarecida do professor e investigador Francisco Ferreira. Nessa perspetiva do que podemos nós fazer, resolvi avançar com a breve reflexão que o tempo da rádio me permitiu. Aliás, o tal ouvinte deu bem o mote. E saltou a resposta “ao que mais o preocupa em matéria de ambiente”. Desde logo e antes de mais, as resistências em reconhecer que há alterações climáticas que nos prejudicam a todos nós. Tal como o adágio, “só é cego aquele que não quer ver”. O pior é que essas resistências não nos permitem intervir melhor, tomar medidas arrojadas para evitar os problemas que delas decorrem e que, de vez em quando, nos invadem com enxurradas, tempestades de vária natureza, mortes em massa e desalojados aos milhares.
Muitos dos fenómenos que estão a acontecer, como o degelo e a subida do nível médio das águas do mar, de que imagens da Gronelândia do passado dia 13 são exemplos eloquentes, as intoxicações através de certos produtos usados de forma pouco responsável, designadamente, na produção de alimentos, constituem motivo de grande preocupação. E a consciência desses malefícios vem aumentando. Felizmente. Daí que pequenas iniciativas de cariz pessoal sejam cada vez mais bem-vindas. Desde logo, o uso mais eficiente da água, em casa, pois claro. A educação, nas escolas, ou nos media. Há meses, o Prémio Nobel da Paz 2007 Mohan Munashinghe falou para jovens estudantes da escola secundária de Sernancelhe na BTL, numa colaboração da Douro Generation com a CIM Douro e o Município. Neste fim de semana, o tema das alterações climáticas esteve presente na Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, numa perspetiva de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O Secretário-geral da ONU, António Guterres, no encerramento, assumiu, com clareza, a importância desta temática, hoje. Ótimo. As questões do ambiente entram definitivamente na agenda. São questões que a todos respeitam.