“O atraso será real. Não há possibilidade de fazer a recuperação dos prazos”, explicou Francisco Silva, o presidente do conselho de administração da Auto-Estrada do Marão, referindo-se aos meses de interrupção de que já foram alvo os trabalhos de construção do Túnel do Marão, obra que, à hora de fecho desta edição, continuava parada por ordem do Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel (TAF).
Segundo declarações do mesmo responsável, tudo indica que “em breve trecho” estarão concluídos os trabalhos de instalação dos piezómetros, equipamentos que servem para monitorização de níveis da água, uma intervenção que dá cumprimento às instruções do Tribunal de Penafiel e que deverá permitir o retomar das obras de construção daquele que será o maior túnel da Península Ibérica.
Francisco Silva acredita que “é provável” que as obras sejam retomadas até ao final do mês de Agosto. Entretanto, fica a certeza de que o atraso acumulado com as duas ordens de suspensão emitidas judicialmente (a primeira das quais em Novembro do ano passado, e a segunda no início de Junho) será “real”, ou seja, não será possível ao consórcio “ recuperar” o tempo perdido. “As obras num túnel requerem uma determinada cadência, uma determinada execução que não é compatível com a adição de mais meios”, ou seja, o atraso nos trabalhos “vai traduzir-se num subsequente atraso da entrada em funcionamento da infra-estrutura”.
As primeiras previsões relativamente à conclusão do Túnel do Marão, trecho da Auto-estrada número quatro, que ligará Amarante a Vila Real, apontavam para o mês de Agosto de 2011, uma data que não será assim cumprida, não havendo ainda indicação sobre o novo timming. “Só conseguimos prever o final das obras quando estas forem reatadas”, explicou o presidente do conselho de administração do consórcio.
Paulo Campos, secretário de Estado das Obras Públicas, lembrou recentemente que a construção da auto-estrada é “um investimento de vital importância” e que todo o processo judicial, que já obrigou à paralisação da obra durante mais de oito meses, já “penalizou muito” a região.
Logo no início da escavação do túnel, a empresa Água do Marão interpôs duas providências cautelares, a primeira das quais impediu a monitorização das captações pela concessionária, um procedimento que, alegadamente, estaria a turvar a água.
De recordar que, as obras foram suspensas pela primeira vez no dia 10 de Novembro do ano passado, tendo recomeçado seis meses mais tarde. O novo arranque dos trabalhos foi assinalado, no início de Maio, com pompa e circunstância e na presença do primeiro-ministro e de outros membros do Governo.
Com um investimento previsto de construção de 350 milhões de euros e a mobilização 88 pequenas e médias empresas e mais de 1120 pessoas, o troço do Túnel do Marão vai somar 30 quilómetros de extensão, sendo que o túnel propriamente dito contará com 5,6 quilómetros.
O troço, que ligará os concelhos de Amarante e Vila Real, beneficiando directamente cerca de 120 mil habitantes, será depois complementado com a construção da chamada Auto-estrada Transmontana, que, com 186 quilómetros de via, e também já em obra, ligará a capital vila-realense a Bragança, num investimento de 500 milhões de euros, constituindo assim a totalidade da A4.
Maria Meireles