Alfredo Mota

A semana passada realizaram-se pela primeira vez no nosso país dois transplantes renais de dador vivo cruzados, no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, envolvendo uma vasta equipa de cirurgiões, anestesistas, nefrologistas, enfermagem e outros técnicos, que tive a honra de coordenar.

Desde a última crónica que publiquei aqui no jornal em 21/03, portanto há 4 semanas, ocorreram diversos acontecimentos relevantes no país que continua a viver a crise segundo dois cenários: o sério, constituído por todos aqueles que a perceberam, que vêm sofrendo os seus efeitos e que trabalham para a ultrapassar, e o da luta política, demagógica, folclórica, do quanto pior melhor, que nenhum contributo tem dado para a sua resolução e que só tem concorrido para o seu agravamento.

Compreende-se a irritação, a indignação e a revolta de muitos portugueses perante o que lhes está a acontecer. Há muita gente em dificuldades. Há casos de injustiça gritantes. Há outros que perderam privilégios. Há muitos desesperados com o que lhes caiu em cima. Todos são merecedores de compreensão e de ajuda pela situação que estão a viver. Todos têm direito à nossa solidariedade.

Há um hábito em Portugal de considerar mau e com defeitos tudo o que é nosso, quando comparado com o que é estrangeiro e com o que se faz lá fora.

Para comemorar o seu 40º aniversário, o jornal “Expresso” organiza uma série de conferências, sobre temas atuais, todas elas moderadas pelo seu fundador, Dr. Francisco Pinto Balsemão, e que terão lugar em várias capitais de distrito.

Quando em 15 de dezembro de 2009 foi tornado público o anúncio da criação do curso de Medicina na Universidade de Aveiro (UA) escrevi no Jornal “A Voz de Trás-os-Montes” um artigo em que manifestava a minha total discordância, baseado em critérios objetivos, como se pode ver: “Qual a necessidade de mais um curso de Medicina no nosso país e a sua criação numa Universidade que, num raio de 50 quilómetros, tem três cursos de Medicina, dois no Porto e um em Coimbra?

A difícil situação económico-financeira do nosso país e as medidas que o Governo tem adotado para cumprir o programa de assistência financeira, negociado pelo anterior governo do PS com a concordância do PSD e do CDS, tem suscitado apoios e contestação.

Na semana passada, o Congresso Americano de Transplantação “levou-me” aos Estados Unidos e, concretamente, a Boston, onde se realizou a reunião científica, e a Nova...

Portugal e os portugueses vão atravessar momentos muito difíceis e complicados. O nosso futuro imediato vai ser de grande aperto e de exigentes sacrifícios. Não se deve esconder a realidade que nos espera, nem pintá-la de cores mais suaves, o que equivale a dizer, não se deve mentir ao povo.

Algum burburinho que se levantou, na área da esquerda (PCP e BE) e do centro-esquerda (PS), a propósito do projecto de reforma do SNS que o PSD apresentou, mostra bem que, apesar dos tempos economicamente conturbados que vivemos, ainda há quem queira ou pelo menos o aparente, sobrepor a ideologia política à “real politik”.

A propósito desta nova gripe (pelo vírus H1N1) que surgiu recentemente, uma das medidas preventivas que tem sido, e muito bem, mais propagandeadas é lavar as mãos com frequência. Trata--se de uma medida simples e cuja eficácia se conhece desde meados do século XIX, mais concretamente desde 1847, portanto há mais de 150 anos. Nessa época, a febre de parto, consequência da infecção puerperal, ou seja, infecção da mulher após o parto, numa altura em que ainda não havia antibióticos, era a principal causa de morte das parturientes.

Não sou militante de qualquer partido político, nem nunca exerci qualquer cargo ou lugar de nomeação política. Nada tenho contra aqueles que, séria e empenhadamente, se dedicam à política, a não ser respeito e consideração. Sacrificar uma carreira profissional, a família e o seu descanso pessoal para servir o seu país e o seu povo é digno de admiração.

Chegou ao fim 2008. Este não foi mais um ano. O desastre económico-financeiro que se abateu sobre todo o mundo transformou os últimos meses de 2008 num pesadelo, cujas proporções ainda não se conhecem em toda a sua dimensão. Muitos milhares de pessoas já estão a sofrer as consequências desta crise e muitas mais a irão sentir.

Continuando com o tema da transplantação e da doação de órgãos em vida (rins), reafirma-se que esta prática, hoje mais ou menos institucionalizada em todo o mundo, deve ser realizada pela exclusiva decisão do dador, tomada livremente sem pressões familiares ou outras e livre de quaisquer interesses materiais ou de outra ordem.

Estamos em época de presentes. Quer queiramos quer não, esta desenfreada corrida às compras e aos presentes no Natal, tornou-se num hábito. A altura estimula a generosidade das pessoas, predispõe à dádiva, aumenta o desejo de partilha. Nalguns casos, tudo está justificado se olharmos o(s) destinatário(s) e, assim, falamos de solidariedade e de filantropia. Na maioria, infelizmente, impera o consumismo.

A expressão “País real” refere-se às dificuldades, às limitações e aos incómodos que em maior ou menor grau, nos vão surgindo no dia a dia, devido ao nosso atraso civilizacional e às nossas insuficiências cívicas, educacionais, culturais e de organização.

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