“Em Dezembro vamos ter uma Assembleia Geral, na qual decidiremos o futuro da Associação”, explicou Luís Bastos, presidente da Associação de Utilizadores do Itinerário Principal número 4 – Movimento Cívico Marão Seguro (AUIP4), à margem da homenagem realizada, no dia 15, no âmbito da celebração do Dia Mundial em Memória das Vítimas das Estradas.
Depois da simbólica colocação de uma coroa de flores no memorial às vítimas do IP4, em Vila Real, Luís Bastos apresentou o Relatório Final de Actividades da associação que, com 350 páginas de documentos, faz uma viagem pelos nove anos de reivindicações por uma via mais segura e pela construção de uma Auto-Estrada que servisse de alternativa àquela que foi considerada a “estrada da morte”.
“Faço um balanço muito compensador para a direcção, acima de tudo porque consideramos que conseguimos descentralizar as preocupações sobre a sinistralidade rodoviária”, explicou o dirigente associativo, recordando “a forma indistinta como o IP4 era referenciado, como uma estrada desconhecida algures lá no Norte”, uma posição que confirmava o que no fundo “era umas das principais causas de muito do que até aí se passara, a ignorância”.
Fazer com que “o IP4 fosse reconhecido, como o foi a Marginal de Cascais quando aí, também desnecessariamente, as mortes se sucediam”, enquanto um dos pontos negros das estradas portugueses nos quais era necessário intervir, foi “a meta principal da actividade” da associação aquando da sua criação.
Durante nove anos de existência, a luta continuou e as reivindicações, as manifestações, as chamadas de atenção e as exigências por medidas que parassem a sangria de vidas no IP4 foram uma constante. “Por trás daquilo que mais se via, lia ou ouvia da nossa actividade estavam estes documentos, estes contactos, estas actividades, estas campanhas, estas reuniões, estas conferências, estas colaborações com as entidades governamentais que foram acompanhando a exigência de um país mais seguro e mais responsável no domínio rodoviário”, explicou o mesmo responsável sobre o relatório que, com o subtítulo: “Um caso de cidadania – Cá no Norte”, faz uma alusão à indiferença e desconhecimento de que a luta da associação foi alvo durante os seus primeiros intentos “nos corredores do poder central”.
“Apesar de tudo, conseguimos as obras de melhoramento e as campanhas de prevenção e sensibilização”, que foram responsáveis pela redução drástica do número de vítimas no IP4, recordou Luís Bastos, explicando ainda que, com a construção da tão reivindicada Auto-estrada (A4), a associação atingiu o tão desejado “fim”.
Presidente da AUIP4 desde a sua criação, o mesmo responsável considera que a sua saída não implica o extinguir da associação. Em Dezembro irá realizar-se uma Assembleia Geral de sócios onde se decidirá o futuro da Associação que, como garante, está em perfeito estado de saúde administrativa e financeira.
De recordar que desde a sua abertura ao trânsito, em 1993, o IP4 foi palco de acidentes dramáticos que puseram termo à vida de mais de 260 pessoas.