A assembleia de Murça teve como tema «Bispos, Presbíteros e Diáconos, termos e conteúdos», e foi apresentado pelo P. Dr. José Manuel Cordeiro, sacerdote de Bragança, Director do «Colégio Português em Roma» e professor no «Anselmiano» de Roma, Instituto Universitário de formação litúrgica.
É sabido que Jesus na sua vida histórica nunca se apresentou como sacerdote, evitando ser integrado no culto judaico e confundido com os sacerdotes e levitas moisaicos. Todavia, toda a sua vida foi de «estilo sacerdotal» em que Ele se apresentou como Cordeiro, Sacerdote e Altar, substituindo as vítimas e os ritos anteriores pela entrega da sua própria vida como sacrifício. Por isso, mais tarde, um autor inspirado escreveria a «carta aos Hebreus» apresentando Jesus como um «novo Sacerdote», autor de um «novo Sacrifício», de uma «Nova Aliança» e de um novo culto.
Nos primeiros séculos, aparecem as referências ao «bispo», aos «presbíteros» e aos «diáconos», termos colhidos na cultura grega e transpostos com outro conteúdo para o interior da comunidade cristã. O P. Cordeiro explicou o conteúdo teológico, litúrgico a evolução histórica desses termos até ao tempo actual: o «Bispo ou epíscopo é o «vigilante»; os «presbíteros», literalmente ou «os mais velhos», eram equivalentes aos «anciãos» do judaismo, responsável pela comunidade, e para eles se transferiam alguns poderes sacerdotais; os «diáconos» ou servidores foram instituídos de modo permanente para serviços específicos da caridade e da administração, da pregação e da liturgia, mas nunca tiveram funções sacerdotais. Historicamente, estavam ao serviço do Papa e dos Bispos, como é o caso de S. Lourenço. Concluindo, Jesus fez dos Apóstolos Pastores e Sacerdotes plenos, dando-lhes o poder de governar a Igreja no futuro de harmonia com as necessidades e exigências dos tempos. Os Apóstolos foram criando as estruturas convenientes a cada época, confiando os seus poderes que, até hoje, se fixaram nos Bispos, nos Presbíteros e nos Diáconos como ministros de Cristo formando uma hierarquia ou Ordem. Esses três graus do sacramento da Ordem não são três graus do Sacerdócio, pois só os dois primeiros são sacerdotes, e essa graduação não deve ser lida de baixo para cima, à maneira das carreiras humanas, mas de cima para baixo, isto é, o Bispo ocupa o primeira grau da Ordem e detém a plenitude do sacerdócio, e é ele que chama a colaborar consigo os outros ministros e lhes confere o poder. De qualquer modo, tanto o bispo como o padre são igualmente sacerdotes de Jesus Cristo.
O encontro serviu ainda para reforçar os laços de fraternidade dos dois presbitérios. A oração de Laudes, cantada por noventa e três padres, e a conferência tiveram lugar no salão da Santa Casa da Misericórdia de Murça, generosamente cedidas para o efeito, e prolongou-se até às treze e trinta. O almoço, corrente e generoso, foi servido num restaurante da vila e nele tomaram parte oitenta e cinco padres e três bispos. Ficou no ar o apelo a que no próximo ano se mantenha esta iniciativa pastoral nascida no Ano Sacerdotal.