Os órgãos de comunicação social, – Jornais rádios e televisão –, ajudam-nos a suportar as horas de vazio.
Permitem-nos até verificar da frivolidade que se faz a mensagem da governação política. A propósito destes debates que tiveram lugar na Assembleia da República, sobre o Orçamento do Estado, era frequente ouvir-se: a Esquerda, votou desta maneira, e a Direita daquela.
Interrogamo-nos muitas vezes: de que lado é que tu estás? Numa interpretação pessoal, inspirada pelo mestre Adriano Moreira, que na Universidade nos foi balizando o pensamento, identificando as diversas ideologias e os princípios com os quais, cada um deles se identificava: democracia cristã, social democracia, socialismo, comunismo e não mais.
Foi assim que os pais fundadores do regime democrático, após o Golpe Militar de Abril de 1974, se posicionaram na Assembleia Constituinte, que redigiu a Constituição ainda em vigor: Centro Democrático e Social (CDS), Partido Popular Democrático (PPD), Partido Socialista (PS) e Partido Comunista Português (PCP). Esta matriz permitiu identificar perfeitamente o espectro ideológico, sendo relativamente fácil aos cidadãos eleitores assumir o quadrante político-partidário que coincidia com a sua forma de pensar e de estar.
Vale a pena recordar o papel que naquela altura desempenharam Mário Soares, Francisco Sá Carneiro, Freitas de Amaral e Álvaro Cunhal, por assumirem, com clareza, a ideologia dos respetivos Partidos.
Formações partidárias, tipo BE, PAN, CHEGA, VERDES dão que pensar; onde é que estas novas criações políticas pretendem chegar: ao poder, forçosamente. Com que ideologia, com que programa, com que base de apoio? Dir-nos-ão que é a democracia a funcionar… como? Sem regras, sem balizas programáticas, sem democracia interna?
A propósito da notoriedade que está a ser dada a André Ventura e ao seu movimento quase unipessoal, que tanto inquieta os seus congéneres da nossa esquerda parlamentar, registamos o que José Miguel Tavares, colunista bem conhecido, escreveu: “vai para onde o vento sopra em cada momento. Ele é sintoma de uma doença real: há cada vez mais eleitores profundamente descontentes com o regime e com a estagnação económica do país, que dura pelo menos uma geração. É gente zangada e com boas razões para isso, que não se revê nos partidos tradicionais”.
O que vale por dizer, que democraticamente, devem ser estes a indicar aos eleitores o caminho. Que nunca poderá ser o dos extremos. Mas, o do bom senso.