Tudo aconteceu a 21 de Fevereiro, pelas 16 horas, conforme contou Márcia Martins. “Saí do trabalho, ia na rotunda e passei pelo carro da GNR. Um pouco mais à frente parei ao lado da Loja do Chinês. Quando ia a sair do carro, a GNR parou ao meu lado. Pediram os meus documentos e os da viatura. Entreguei a documentação e os agentes disseram que quando tinha passado por eles, eu estava a falar ao telemóvel, o que neguei de imediato”. Quando começaram a passar a multa, “desabafei e referi que ainda não tinham ganho o dia e vieram ganhá-lo comigo”.
“A GNR queria que eu colocasse uma cruz no «sim» no documento da multa, eu argumentei que não concordava e tudo se complicou. Como recusei e reagi verbalmente ao pagamento, deitaram-me as mãos à gola do casaco e agarraram-me à força. Pretendiam colocar–me dentro do carro, entretanto surgiu outro militar da GNR, à paisana, que estava nas bombas de gasolina. Colocaram o dedo no meu nariz e as mãos nas pernas, os outros dois militares nos braços, com violência, mandaram-me contra a porta do carro e enfiaram-me dentro do carro da GNR. O meu marido que chegou na altura e, ao ver isto, perguntou o que se passava. O militar da GNR, à civil, agarrou-o pelos braços, levou-o para a traseira do carro patrulha e mandou-o de costas contra a traseira da viatura”.
Manuel Costa, já no quartel, referiu que iria apresentar queixa contra o militar, à civil. O agente não terá gostado e terá agredido Manuel Costa com um pontapé no peito e mais dois murros, sendo ainda enviado com força contra o guichet das instalações. “Partiu-me três costelas, estou de baixa à 12 dias e vou ter de continuar, porque não posso trabalhar”.
A esposa contou ainda que foi colocada numa outra sala agarrada com violência por um braço e pelas golas do casaco. “Mandaram-me ficar quietinha, mas acabei por desmaiar. Deram-me um copo de água, um comprimido, chamaram ambulância e fui para o hospital de Alijó”. Nesta unidade de saúde entrou também Manuel Costa. Márcia Martins referiu também que “um dos militares insistiu para assinar um documento onde constava que o motivo da sua detenção era por distúrbios na via pública, em estado de alcoolemia”. “Perguntei o que era aquilo e ele insistiu para eu assinar, eu disse que não assinava, pois nem sequer bebo álcool, ele agarrou no papel e rasgou.
O comandante da GNR de Alijó foi contactado, mas não quis comentar o caso, alegando que está em Tribunal e que o inquérito em curso irá apurar toda a verdade.