Terça-feira, 10 de Dezembro de 2024
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Celebração do Tríduo Pascal

As celebrações pascais na cidade vêm a crescer em seriedade e qualidade litúrgica e na adesão interior do povo. Esta é a opinião de quem tem participado nos anos anteriores e de quem nos visita pela primeira vez. Depois dos Ramos, celebrou-se nas três paróquias da cidade o Tríduo pascal, desde a tarde de Quinta-feira Santa à tarde do Domingo de Páscoa.

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Quinta-feira Santa

 

Na Sé, houve na manhã da Quinta-feira a Missa crismal, única celebração em toda a diocese. Nela se benzem os óleos sacramentais a usar no Baptismo e na Unção dos Doentes e se consagra o do Crisma, e renovam os compromissos sacerdotais de comunhão com o Bispo diocesano os padres da diocese, quer os incardinados na diocese pela Ordenação quer os Religiosos que aqui trabalham temporariamente.

Na homilia, D. Joaquim Gonçalves, que celebra neste ano as suas bodas de ouro sacerdotais e presidiu à concelebração tendo a seu lado o bispo coadjutor D. Amândio Tomás, afirmou que «a Missa crismal é semelhante aos rios do profeta Ezequiel, as fontes onde se regressa anualmente para cobrar novo vigor na intimidade com Cristo e na amizade com o presbitério» e comentou depois a coincidência da celebração com o Ano Sacerdotal e a próxima Visita do Papa.

«A proclamação de um Ano Sacerdotal é um sinal da rotina em que caíram muitos sacerdotes e da necessidade de despertar neles o dom que receberam na Ordenação e para recuperarem a alegria inicial». «Essa alegria, continuou, requer o cruzamento do estudo e da oração». Lembrou ainda as dimensões «colegial «e «pessoal» do sacramento da Ordem, conforme vem no grande «Catecismo da Igreja Católica».

Sobre a «visita do Papa» frisou a necessidade de se afastar a tentação de a aproximar da visita de um estrangeiro importante «o Papa não vem de fora, faz parte da nossa vida diária como Pastor Universal e fundamento da unidade da fé. O Papa é hoje o último bastião da cultura da verdade e da certeza e, por esse motivo, é violentamente hostilizado pelas forças do mundo marcadas pela cultura da imanência história. Para essa mentalidade, o esquema religioso da transcendência à história não faz sentido e, como consequência, essa mentalidade faz a decapitação da vida humana, do casamento como vocação e missão, da morte como homenagem ao Criador, da escatologia, deformando a vida de modo a tudo caber nas gavetas da história. Desse modo, a vida é uma fruição deixada ao gosto de cada um, o casamento uma opção de prazer individual, a dignidade da doença e a morte são desfeitas pela eutanásia, a felicidade eterna trocada pela solidariedade e pela utopia históricas».

Depois da celebração, a diocese ofereceu o almoço a todos os padres e seminaristas.

De tarde, celebrou-se a Missa da Ceia, evocativa da instituição da Eucaristia, do Sacerdócio e promulgação do Mandamento Novo do amor. Presidiu o Bispo Coadjutor, e nela participou a Santa Casa da Misericórdia, fazendo-se o Lavapés como sinal do «exercício da autoridade como um serviço aos outros».

 

Sexta-feira Santa

 

De manhã, os Seminaristas, as Religiosas e alguns leigos cantaram as «Laudes» ou louvores da manhã, ofício presidido pelo Bispo Coadjutor.

De tarde, às 15 horas teve início a «Solene Celebração da Morte do Senhor», a que presidiu o Bispo da diocese. Nesse dia não há Missa e a celebração é uma longa meditação da Palavra seguida de Preces pelas grandes causas do mundo, da Adoração da Cruz, e da distribuição da Comunhão. A breve homilia foi dedicada ao mistério da morte: «a morte de Jesus não foi por Ele procurada mas não O surpreendeu, e Jesus fez dela uma oferta ao Pai como um «sacrifício voluntário» pela redenção do mundo. A nossa morte tem nela o modelo e fonte de dignificação: «em comunhão com Jesus, façamos da vida e da morte a homenagem da nossa condição de criaturas de filhos»

No fim da tarde, saiu da igreja da Misericórdia a procissão do Enterro do Senhor, a que presidiu pela primeira vez o Bispo diocesano. Durante ela ouviu-se nas escadas do tribunal e da capela nova o canto da Verónica, um acto da piedade popular e estimado pelos fiéis. Nas escadas da capela nova, D. Joaquim lembrou, numa breve reflexão, que «este enterro nada tem de fúnebre, é atravessado pelo tom pascal, expresso pelo paramento encarnado, pela cor dos Ramos e do Pentecostes, por algumas flores e músicas. A própria hora da Procissão, ao cair da tarde, disse, coincide com a hora do verdadeiro enterro de Jesus antes do pôr-do-sol, porque, depois dessa hora, começava o «sábado» judaico em que era proibido tocar em corpos mortos». Referiu ainda a presença da imagem da Senhora das Dores no cortejo, afirmando que «fica bem aquela imagem da Mulher sempre fiel a Deus e que sempre acompanhou Jesus desde a hora em que O concebera no seu coração de Mãe até à Cruz e ao Céu». Finalmente, exortou os fiéis a respeitarem a morte humana, agora que ela anda ameaçada de lhe ver retirada a sua dignidade e majestade».

À noite fez-se a Via-sacra pública pelas ruas da cidade e que se concluiu na Igreja do Calvário, com uma meditação pelo Bispo Coadjutor, que fez um apelo a «que se passe da piedade da compaixão a uma piedade pascal centrada na Missa do Domingo».

 

Sábado Santo

e Domingo

 

De manhã o Bispo Coadjutor presidiu na Sé ao Ofício de leitura, uma meditação sobre a deposição e permanência de Jesus na sepultura.

Depois das 21.30 teve início a solene celebração da Vigília Pascal, a maior e mãe de todas as Vigílias, presidida pelo Bispo diocesano. Trata-se de uma celebração densa e jubilosa que incluiu a Bênção do Lume novo e do Círio Pascal (símbolos sacramentais de Cristo Ressuscitado), a proclamação das leituras bíblicas que proclamam a renovação operada pela Ressurreição: a alteração da semana com a proclamação do Domingo; Cristo, o novo Adão; o Êxodo e as fontes da Salvação, presentes no Baptismo, na Eucaristia e outros sacramentos.

Na homilia, D. Joaquim Gonçalves falou da novidade total da «ressurreição de Jesus» que ultrapassa os casos da ressuscitação de Lázaro e outros, não tendo paralelo nas páginas anteriores da Bíblia, nem na experiência humana e requer, por isso, humildade intelectual e abertura a essa novidade». «A força da ressurreição penetra o dinamismo do cristão e as próprias estruturas sociais e faz aparecer esses monumentos que são os santos, os já canonizados e aqueles que vivem connosco no dia a dia: homens e mulheres bons, padres generosos e sacrificados, religiosos dedicados a Deus e aos pobres». Seguiu-se a Bênção da água baptismal, tendo os fiéis feito a renovação das promessas baptismais.

Na manhã e tarde de Domingo os párocos, auxiliados por grupos de leigos, fizeram a Visita pascal às casas de família assinaladas por flores e ramos de alecrim, e ao toque de campainhas e do estalejar de foguetes, grupos que no final regressaram em cortejo colectivo às respectivas paróquias.

A população da cidade de Vila Real é, nesta altura da Páscoa, ainda mais reduzida. Apesar da crise económica, o povo sabe reservar algum dinheiro para este dia.

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