Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2024
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Central de Comando da via retirada da estação da Régua

A promessa da então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, ao garantir que a linha do Corgo, entre Vila Real e Régua, iria reabrir em Setembro não vai ser cumprida. O cenário quanto à reactivação da última via estreita de Trás-os-Montes parece ser já uma miragem. E para isto concorre o facto da Central de Comando, que estava instalada na estação da Régua e que abrangia as linhas do Corgo e Tâmega, ter sido desactivada.

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Mas, não ficam por aqui as más novidades quanto ao futuro da via-férrea do Corgo, já que o Governo, numa carta enviada ao Governador Civil do Distrito de Vila Real, questiona o investimento previsto para a recuperação da linha e assume que, em breve, “tomará uma posição definitiva sobre o assunto”.

Este quase “requiem” da linha não está a agradar aos autarcas de Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião e Vila Real, municípios que eram servidos pela via. Desde meados de Julho, que a Central da Régua de monitorização do tráfego ferroviário nas três linhas está inactiva. Qualquer partido de comboio do Tua para Mirandela, ou da Livração para Amarante, ou da Régua para Vila Real, era autorizada a partir da Régua. Um dos autarca que tem acompanhado o processo da linha do Corgo, e cujo concelho também foi “espoliado” da linha em 1990, é Domingos Dias, presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar. “Não se tem feito nada, está tudo num impasse, o que é preocupante. É mais uma situação de abandono que o Governo tem votado Trás-os-Montes. Isto tem sido sistemático, parece que a única obra que era necessária fazer em Trás-os-Montes era a Auto-estrada, quando há sintomas que Trás-os-Montes é esquecido, como é esse caso de tentativa de aniquilação da linha do Corgo. Lembro que, já foram feitos dois requerimentos ao Governo por causa da linha do Corgo, mas ainda não obtivemos resposta”.

O autarca recordou que não pretende ver repetido, nos municípios por onde passa a linha do Corgo, aquilo que aconteceu com Vila Pouca de Aguiar e recordou que, o Governo “apressou-se a anunciar que iria ser realizada uma intervenção a sério, chegou até a ser anunciado os termos em que iria ser executada, mas parece que foi um logro, com certeza que as populações irão pedir responsabilidades por isto”.

A freguesia de Alvações do Corgo sempre dependeu do comboio como único transporte público da sua população. O presidente da Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião, Francisco Ribeiro, vê alguma preocupação nos últimos acontecimentos quanto à reactivação da via. “Estou extremamente apreensivo devido ao que está a acontecer. Recebemos uma carta do Gabinete do Ministro dos Transportes referindo que estão a decorrer os estudos para a segunda fase. Estão a ser executados os trabalhos de geometria, geotecnia, drenagem e construção civil, mas a missiva também refere que, face do investimento da obra, terá de se ponderar todas as acções futuras. Seja como for, na altura já se sabia, aproximadamente, qual era o orçamento, e mesmo assim foi-nos garantido que seria para fazer e até já havia verba”. Apesar de considerar que a situação económica do país “é diferente”, o autarca assume que “não desistirá e espera que a obra se venha a concretizar”. “A necessidade que se impunha na altura é a mesma actualmente. É uma via fundamental para uma parte do território do concelho, que está classificado como território da UNESCO, e tudo faremos que as obras avancem”, prometeu.

Francisco Ribeiro lembrou que a linha serve a freguesia de Alvações do Corgo, que não tem outro transporte público, sublinhando que os autocarros “não têm grandes condições”. O edil defendeu que a linha é ainda importante para a vertente turística. Apesar deste cenário pouco favorável, Francisco Ribeiro tem esperança. “Julgo que não podemos descurar esta rede ferroviária do nosso património. Hoje, a vida está difícil, mas esperamos que seja ultrapassado este momento de crise, e que o Governo possa arregaçar as mangas e retomar o projecto inicial. Esta via é fundamental para as populações e mesmo para a região”.

Por sua vez, o Governador Civil do Distrito de Vila Real, Alexandre Chaves, apenas nos adiantou que o Governo, através do Ministério dos Transportes, lhe enviou uma carta em resposta a duas solicitações. Essa missiva garantia que estava em curso “a segunda fase do projecto, no que concerne a um conjunto de estudos”, mas também “pondera a verba que irá ser gasta no projecto total da reabilitação da linha”. Entretanto, a missiva foi já enviada aos autarcas de Santa Marta de Penaguião, Régua e Vila Real.

Recorde-se que, o custo estimado da obra rondava os 27 milhões de euros. A linha do Corgo ligou Régua a Chaves em 1921. Ficou amputada em 1990, entre Vila Real e Chaves e, ao que parece, extinguiu-se em 24 de Março de 2009, com o encerramento “encapotado” do troço entre Vila Real e a Régua.

“Os especialistas suíços (quais?), que chegaram à conclusão que a linha precisava de uma “intervenção profunda” e que, por isso, o serviço “teria de ser já suspenso”, porventura anteciparam o encerramento.

O interior fica mais pobre, num processo pouco claro e que, desde o seu início, copiou os mesmos argumentos, mas com personagens e cores políticas diferentes, que levou ao encerramento do troço entre Vila Real e Chaves. Ao fecho da linha do Tua entre Mirandela e Bragança, e mais recentemente entre Mirandela e o Tua, ao que parece, junta-se agora a linha do Corgo. Em tempos mais longínquos, na quase esquecida linha do Sabor, entre o Pocinho e Duas Igrejas, e no troço da via Larga que ligava Barca de Alva ao Pocinho, houve tanta promessa e tanta parra para afinal não passar tudo por um conjunto de meras intenções, que até já tinha um protocolo assinado.

O Nosso Jornal também pode adiantar que uma outra obra importantíssima para a modernização da linha do Douro, já anunciada, também está em stand by. Os autarcas da região devem estar atentos. Era um outro projecto que Ana Paula Vitorino tinha anunciado, em meados de 2009, que passava pela electrificação da linha entre Marco de Canaveses e Régua, e a ex-secretária de Estado admitiu até que o concurso seria lançado até Dezembro do mesmo ano, mas até agora continua suspenso.

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