Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2024
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Manuel R. Cordeiro
Manuel R. Cordeiro
Professor Catedrático aposentado da UTAD

Cidadania – o que está na origem da polémica?

Fui professor universitário durante cerca de 40 anos. Assumi sempre que além da transmissão conhecimentos, o professor deve transmitir valores.

Sou de opinião que um dos grandes problemas da sociedade em geral é a ausência de valores, tanto a nível das profissões, como a nível das famílias e que é responsável, em boa parte, pelos problemas que o mundo atravessa. Só num contexto deste é que se compreende que a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento esteja a dar origem a tantas reclamações. Li o programa e considero que é equilibrado, bastante diversificado e útil ao desenvolvimento dos nossos jovens. Falar sobre Direitos Humanos, Igualdade de Género, Interculturalidade, Desenvolvimento Sustentável, Educação Ambiental e Saúde, como temas obrigatórios e Educação Financeira, Direitos Humanos, Segurança e Defesa Nacional, Ambiente/Desenvolvimento Sustentável, Voluntariado e Empreendedorismo, como temas de trabalho, contribui para uma melhor formação dos jovens e prepara-os para uma vida ativa mais solidária, mais consciente e deixa-os em condições de enfrentarem melhor os problemas que, inevitavelmente, lhes aparecerão no seu dia-a-dia. 

A disciplina é transversal a vários anos curriculares, desde o ensino primário, preparatório e, mesmo, o secundário. Então pode perguntar-se: com este programa porquê tanta polémica?

A resposta é muito simples. Tem a ver com o modo como é ensinada a parte relativa à Igualdade de Género. Nalgumas escolas ensinam às crianças que ninguém nasce menino ou menina e que a “identidade de género” não tem necessariamente correspondência com os seus órgãos genitais. É-lhes dito que uma criança, com 6 ou 7 anos de idade, com corpo de menino, pode ser uma menina por dentro e uma criança com corpo de menina pode ser um menino, por dentro. Isto passou-se em algumas escolas. 

Noutra escola foi perguntado a um aluno de 9 anos se “namora atualmente e se já namorou antes ou se se sente atraído por homens, mulheres ou ambos”? Será que estas perguntas não estão colocadas muito cedo? Não é natural que os pais fiquem preocupados e se rebelem contra estes métodos?

Os casos que têm acontecido por esse Portugal fora são em grande número. Uma mãe contou-me que o filho de 14 anos baixou a nota nesta disciplina. A mãe dirigiu-se à escola e perguntou porque é que a professora lhe baixou a nota. A resposta foi a de que o aluno mostrou ser intolerante porque sustentou que o casamento entre dois homens ou entre duas mulheres não era um casamento normal. Será que a ação da professora é aceitável? 

Termino pedindo aos responsáveis pela educação em Portugal e aos professores que a implementam, que ajudem as nossas crianças a crescerem e adequem à sua idade os conhecimentos que lhes transmitem.

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