Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2025
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Armando Moreira
Armando Moreira
| MIRADOURO | Ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Real. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Cimeira

Esta semana que passou, ficou assinalada na região por dois acontecimentos marcantes, em termos de visibilidade pública: A Maratona do Alto Douro Vinhateiro e a Cimeira Ibérica.

Ambos importantes, respeitadas as devidas distâncias claro, mas, que levaram os profissionais de imagem a projetarem a região, em particular o Alto Douro, durante muitas horas, nos ecrãs televisivos de muitos milhões de telespectadores. 

Pela sua relevância política, deixamos aqui duas ou três notas sobre a Cimeira Ibérica, porque este acontecimento, pela sua dimensão e pelo que ela prometia, em termos nacionais e regionais, não pode, nem deve ser olvidado, nem agora que ela se viveu, nem no futuro, pelos compromissos assumidos.

A história recorda, que foi neste território do Alto Douro Vinhateiro, que se firmaram, entre Espanha e Portugal, ou para ser mais preciso entre Castella e Portugal, alguns dos atos fundadores do nosso país. Referimo-nos aos Tratados de Zamora e de Alcanises. Pelo primeiro, Castella aceitava a independência do Reino de Portugal, entregando a sua soberania ao nosso Rei Conquistador – Afonso Henriques. Pelo Tratado de Alcanises, foram definidas as fronteiras entre os Reinos de Portugal e os de Castella / Leon, que, com pequenos acertos, ainda hoje se mantêm.

Pois bem, a 30 de maio de 2017, também na Casa de Mateus, se assinaram alguns protocolos e compromissos, não já entre Reis, mas entre os Chefes de Governo de Portugal e de Espanha, que não podem ser letra morta, se queremos honrar a palavra dada e assinada. 

Como aparte, permita-se-nos afirmar que foi com enorme expectativa que aguardámos o desenrolar da Cimeira que era rotulada como Transfronteiriça e por isso se realizava na “Capital” de Trás-os-Montes, fronteira com a Região de Castella/ Leon. E seria natural que se evidenciassem as mais-valias de cada uma das regiões e se equacionassem medidas para potenciar as suas sinergias. Acreditamos que o assunto terá estado em cima da mesa, mas se esteve, não chegou ao conhecimento público.

De facto, do que veio a público, transfronteiriças são apenas as ligações ferroviárias entre Sines/Caia/Madrid, Porto/Vigo e Aveiro/Vilar Formoso/Salamanca/Madrid, projetos que se arrastam há anos, que constam de todas as Cimeiras e que jamais desaparecem dos “compromissos”.

E de onde não consta, o Sistema Ferroviário do Douro, desde Matosinhos/Porto/Barca de Alva/Salamanca/Madrid, um eixo de desenvolvimento fundamental para o Douro/ Duero, como está fundamentado pelos Estudos das Infraestruturas de Portugal (E.P). O que é pena e lamentável.

Porém, haja esperança. Nesta Cimeira foi decidido criar um Grupo de Trabalho para preparar os Projetos Transfronteiriços a incluir no Quadro Comunitário de Apoio após 2020, onde virá a ser incluído, necessariamente, o sistema ferroviário do Douro / Duero. É tão cristalina esta decisão, que só por esquecimento e não má-fé, ainda não foi incluída no Portugal 2020. Esquecimento que os responsáveis políticos da nossa região, tenho a certeza, não permitirão ao Grupo de Trabalho que vai preparar o próximo Quadro Comunitário para as Regiões Fronteiriças. 

Assinaremos então um novo compromisso, já não em Zamora ou Alcanises, quem sabe em Mateus, onde se encontraram agora os líderes ibéricos.

O que importa é que este empreendimento lá venha a figurar.

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