Presidiu à Eucaristia do Domingo o bispo diocesano, D. Joaquim Gonçalves, que na homilia falou aos fiéis do Sacerdócio de Jesus Cristo, integrando-se assim no espírito do Ano Sacerdotal iniciado em 16 de Junho. Disse que, «durante a sua vida terrena, Jesus nunca se apresentou como sacerdote nem designou os Apóstolos por esse nome, para se distanciar do sacerdócio judaico que era um conjunto de funcionários do Templo, saídos exclusivamente da tribo de Levi, casados, e que formavam uma classe social poderosa. A mesma atitude tomou S. Paulo que se afirmava «servo de Jesus Cristo e que nunca poderia ser sacerdote judeu por ser da tribo de Benjamim. Mais tarde, um cristão, na carta aos Hebreus, fez o paralelo da actividade de Jesus com o sacerdócio judaico para concluir ser Jesus um verdadeiro sacerdote mas com outro conteúdo e dimensão universal: Jesus é sacerdote eterno, não criado pelos homens, nem de uma tribo ou nação, mas instituído pelo Pai. Não ofereceu coisas, incenso ou animais (pombas, rolas, cabritos ou vitelos), mas fez da sua vida uma oferta aos homens e ao Pai, fazendo a reconciliação plena de todo o mundo. O sacerdócio de Jesus é, assim, inseparável da vida». Concluiu a sua catequese lembrando que «todos os cristãos são chamados a participar neste sacerdócio oferecendo a sua vida diária pelos irmãos». «Ninguém deve ir à missa de mãos vazias, isto é, todos levam a vida daquela semana para a oferecer a Deus por meio de Jesus Cristo. É por isso que sem oferta da vida pessoal, digna e generosa, as velas, flores e outras ofertas ficam sem conteúdo. A vida de cada um é a autêntica vítima do novo sacerdócio cristão».
De tarde fez-se a habitual procissão pela cidade, na qual se incorporaram as autoridades, grupos de crianças vestidas como os santos franciscanos, dos Bombeiros, andores do Senhor do Calvário, da Senhora junto à cruz, S.João Evangelista, Santo António e S. Francisco, e os Bombeiros. Muitos fiéis integraram-se no cortejo religioso, indo um grande número deles descalços num percurso de granito escaldante em tarde quente de verão.
A igreja ou capela do Calvário é a sede oficial da Fraternidade da Ordem Terceira de S. Francisco, a qual, antes da expulsão das Ordens Religiosas, encimava o património dos Franciscanos e se estendia desde aquela igreja e todo o espaço envolvente e o actual Jardim da Carreira, até ao convento franciscano onde hoje se encontra a GNR, em cuja frente se encontrava um pequeno cemitério, hoje ajardinado, e que foi desfeito para a abertura da estrada circular.
A igreja mãe da Ordem franciscana em Vila Real, a velha igreja de S. Francisco, que se encontrava onde hoje se levanta um armazém comercial, foi demolida na primeira metade do séc. XX, devido ao adiantado estado de degradação em que se encontrava e cujo restauro seria mais dispendioso do que fazer uma nova, como consta da documentação em que se requereu a devida autorização eclesiástica.
A banda de música da Cumieira, que sustentou o canto da assembleia na Missa da manhã do Domingo, acompanhou a procissão e preencheu os intervalos dos actos religiosos fundamentais, tocando no adro e percorrendo a cidade.