Sexta-feira, 6 de Dezembro de 2024
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Conferências quaresmais

Todos os cristãos são, em união com Jesus Cristo, um povo sacerdotal. É isso que proclamamos muitas vezes, até pelo canto religioso «Povo de reis, assembleia santa, povo sacerdotal.

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Estas palavras fazem parte da reflexão que o senhor Bispo da Diocese fez na Sé, no Domingo passado. Era já a quarta palestra dedicada ao sacerdócio neste Ano Sacerdotal. As primeiras foram dedicadas, respectivamente, ao sacerdócio levítico, aos sacrifícios no Antigo Testamento e ao sacerdócio único de Jesus, que inclui a sua condição de «Mediador». No passado Domingo avançou para o estudo do Sacrifício que Jesus ofereceu e para o sacerdócio que Jesus estendeu a toda a Igreja.

A morte de Jesus na cruz, infligida pelas autoridades do tempo, foi assumida por vontade do próprio Jesus como um «sacrifício». Deste modo, aquela morte, socialmente igual à de tantos homens que, antes e depois d’Ele, foram condenados à morte de Cruz, deixou de ser unicamente um exemplo de humildade e passou a ser um acto redentor. Muitos homens, antes e depois dEle, sofreram morte semelhante, mas nunca ninguém morreu para remir pecados de ninguém, nem tinham capacidade de o fazer.

Esse sacrifício de Jesus engloba todas as categorias de sacrifícios antigos: é sacrifício de adoração, de reconciliação, de expiação e de comunhão. Este sacrifício inclui quatro momentos separados no tempo mas formam um todo inseparável: a oferta explícita de Jesus na última ceia, a morte na sexta, a sepultura no sábado e a ressurreição no Domingo. Foi um sacrifício único, de valor infinito, historicamente datado e não se repete.

Deste modo, na Eucaristia a Igreja não repete o sacrifício da cruz, mas faz unicamente (e é muito) o «memorial» desse sacrifício. É preciso entender bem esta palavra «memorial» que não significa neste caso mero exercício de memória, recordação do passado, mas que torna presente, prolonga de modo sacramental, aquela oferta única da vida de Jesus Cristo, a qual, pelo facto de haver ressuscitado, é possível prolongar.

Este sacrifício de prolongamento exige sacerdotes, que são todos sacerdotes que receberam o sacerdócio do sacramento da Ordem. Mas os outros fiéis são também sacerdotes, um sacerdócio comum, geral, que lhes permite fazer da acção no mundo uma oferta sacrificial. Deste modo, em vez de novilhos e cabritos e produtos da terra dos antigos hebreus, os cristãos fazem da sua própria vida uma vítima agradável a Deus em comunhão com Jesus Cristo. É o que diz expressamente S. Paulo na carta aos Romanos: «peço-vos, irmãos, que ofereçais o vosso corpo como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus. Tal é o culto que Lhe deveis prestar» (Rom 12, 1-2). Esta mesma doutrina pode encontrar-se nas cartas aos Filipenses (4,18), a Timóteo (2Tim 4,6) e aos Coríntios (I Cor 6,19-20), e em S.Pedro (1ª Carta, 2, 4-10).

Estes dois sacerdócios – dos padres e dos leigos – completam-se e exigem-se mutuamente: sem o primeiro não teríamos o prolongamento do sacrifício de Jesus, e sem o segundo não haveria a transformação do mundo que, por sua vez, só é possível realizar-se em união ao sacrifício de Jesus. Nasce daqui a vocação fundamental do leigo: a transformação do mundo, seja no matrimónio seja na actividade profissional.

Quando os noivos cristãos celebram o casamento, oferecem a sua vida toda como um «sacrifício», não no sentido vulgar de algo cheio de dificuldades, mas como actividade santa e agradável a Deus. O mesmo acontece aos jovens que se oferecem a Deus pela ordenação de padres e às mulheres que se entregam a Deus na vida religiosa num amor total até à plenitude das suas forças. Todos eles se inserem nessa onda de amor de Cristo em ordem à vivência de um amor total, até à plenitude, na defesa da vida, da verdade e da justiça, mesmo perante a hipótese da morte imposta por alguém.

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