Num jogo, entre duas equipas que lutam por objectivos bem distintos, no Campeonato Nacional da 3.ª Divisão, a diferença entre Leça e Vila Real não se fez notar em campo. Aliás, foi a equipa que luta pela permanência que mais perto esteve da vitória. Faltou eficácia atacante aos homens da casa. As contas começam a ficar complicadas, para os transmontanos, uma vez que ficam sem margem para errar, nos próximos jogos.
Com Zeca Lopes, pela primeira vez a orientar os vila-realenses, não houve alterações no esquema táctico da equipa que tinha conquistado três pontos em Lordelo. O quarto técnico esta época a orientar o Vila Real apresentou o onze base de uma equipa que sofre, desde o início da época, de uma grande pecha no ataque. A pouca eficácia no ataque foi, de novo, um “carrasco”, para os “alvi-negros” que, assim, deixam escapar mais uma oportunidade de subir alguns degraus na tabela, uma vez que alguns dos seus concorrentes directos tiveram deslizes, nesta jornada.
Com muita vontade de vencer, cedo os pupilos de Zeca Lopes se aproximaram da baliza leceira. Mas os dois centrais possantes e uma defesa robusta foram um obstáculo intransponível para os avançados da casa. Maniche bem tentou lutar entre os defesas forasteiros, mas foi uma tarefa complicada e o apoio dos colegas nem sempre chegou nas melhores condições.
Numa partida que começou com ascendente da equipa da casa que foi perdendo o fôlego inicial, à medida que o tempo foi avançando. O Leça optou por jogar na expectativa, explorando o contra-ataque que não foi, de forma alguma, ameaçador, para as redes defendidas por Vieira. O jovem guarda-redes teve uma tarde tranquila, perante a pouca acutilância atacante do Leça. Apenas por uma vez os leceiros conseguiram criar perigo, para a baliza vila-realense, no decorrer da primeira parte. Valeu a rápida intervenção de Danilo, a cortar o lance, nas alturas.
O Vila Real, a precisar, urgentemente, de pontos, para sair do penúltimo lugar da tabela, entrou a dominar o encontro, mas a supremacia atacante não teve efeitos práticos. Maniche, apoiado, no centro, por Lemos, e, nas laterais, por Caniggia e Olivier, não conseguiram concretizar as várias oportunidades criadas. Faltou o homem golo, no último reduto do ataque “alvi-negro”. Num desses lances, Caniggia foi à linha de fundo, cruzou para o coração da área, onde apareceu, solto, Lemos, a cabecear, ao lado. Também os lances de bola parada não conseguiram furar as redes leceiras. Lemos colocou em Ruben, à entrada da área, mas o remate esbarrou num defesa forasteiro. Ainda na sequência do lance, o perigo rondou, mais uma vez, a baliza dos visitantes. De novo, o remate acabou por ser desviado pela defesa do Leça.
Já muito perto do intervalo, o Vila Real não aproveitou uma falha da defesa forasteira. Luisão e Fábio desentenderam-se, mas Caniggia não conseguiu chegar à bola, uma vez que o guarda-redes aliviou, pela lateral. O nulo verificado ao intervalo penalizava a equipa da casa, pelo maior pendor atacante que demonstrou.
O técnico vila-realense, insatisfeito com o resultado, decidiu deixar Caniggia nos balneários e colocar Ricardo, no ataque, para dar maior apoio a Maniche. Logo a abrir, Vitó teve nos pés o golo, mas o remate saiu a rasar o poste. Volvidos poucos minutos, Palmeira teve uma boa iniciativa, na direita, fez a triangulação com Maniche, mas, na hora do remate, não deu o melhor seguimento à bola e assim se perdeu mais uma ocasião. O Leça mostrou muito pouco, no Monte da Forca, para uma equipa que luta pela subida de divisão. Mesmo assim, teve uma boa oportunidade, mas o remate de Bruno saiu a rasar a barra.
Aos 74 minutos, Lemos ultrapassou vários adversários, mas o remate embateu num defesa do Leça. Dois minutos volvidos, mais uma ocasião gorada pelos transmontanos. Na sequência de um pontapé de canto, a bola foi colocada ao primeiro poste, onde Danilo conseguiu cabecear, mas o remate saiu a milímetros do poste.
Decorria o minuto 85, quando Lemos foi expulso, por, supostamente, ter simulado uma queda, dentro da área. O árbitro, sem contemplações, mostrou-lhe o segundo cartão amarelo. O Vila Real perdia a sua peça fulcral, na organização ofensiva do seu jogo. No entanto e já em período de descontos, Ricardo falhou, incrivelmente, o golo. Maniche, num lance de ataque veloz na direita, conseguiu colocar em Ricardo que tocou, ao de leve, na bola e esta saiu muito perto do poste. Uma soberana oportunidade para os vila-realense alcançarem a vitória, mas a falta de sorte voltou a acompanhar os “alvi-negros”.
Mais um empate que complica bastante as contas dos vila-realenses. Dos visitantes, esperava-se muito mais, uma vez que lutam pela subida de divisão, mas mostraram muito pouco, em Vila Real, apesar do apoio que a equipa trouxe, de Leça da Palmeira.
A última nota vai para a equipa de arbitragem, vinda de Aveiro, a qual cometeu alguns erros que prejudicaram ambas as equipas.
Márcia Fernandes
ZECA LOPES, treinador do VILA REAL
“Temos que vencer o próximo jogo”
O novo técnico vila-realense acredita que o Vila Real vai manter-se na 3.ª Divisão, apesar de concordar que o espaço de manobra está cada vez mais reduzido.
“Na primeira parte, tínhamos como estratégia estudar a equipa do Leça e ver o que eles valiam. No segundo tempo, fomos claramente superiores e tivemos várias oportunidades, para fazer golo. Mais uma vez, a falta de sorte acompanhou o Vila Real. Criámos várias oportunidades, nomeadamente, na segunda parte, mas não fomos felizes, na concretização. O Leça foi, praticamente, inofensivo, remeteu-se à defesa do empate. Mostrou que tem uma estrutura defensiva coesa e difícil de bater.
No próximo jogo, vamos a Amarante, temos que vencer, para encurtar distâncias para os nossos adversários directos. As coisas estão cada vez mais difíceis, mas acredito que ainda é possível manter o Vila Real na 3.ª Divisão Nacional. Se não acreditasse nisso, não aceitaria o desafio que me foi proposto, pela Direcção”.
Quanto ao trabalho da equipa de arbitragem, Zeca Lopes referiu que “quem foi mais prejudicado foi o Vila Real, uma vez que acabou por ver Lemos expulso, num lance em que houve uma grande penalidade que ficou por assinalar”.
JORGE MADUREIRA, treinador do LEÇA
“O árbitro prejudicou-nos”
Jorge Madureira mostrou indignação pela actuação do árbitro do encontro. Mas acabou por aceitar o empate, uma vez que a sua equipa também não esteve ao seu melhor nível.
“Se não conseguimos a vitória, o empate acaba por ser um mal menor. Vínhamos com o objectivo de vencer, mas não conseguimos, devido a vários factores. Refiro-me, concretamente, à actuação da equipa de arbitragem que só nos prejudicou. Tivemos dois lances na área em que os homens do Vila Real fizeram falta sobre os nossos jogadores e o árbitro, perto dos lances, nada assinalou. Aliás, acabou por mostrar o cartão amarelo ao meu jogador. Foi uma actuação vergonhosa. O Vila Real mostrou que tem qualidade e, por tudo aquilo que fez, não merecia perder o jogo. No entanto, esperamos que não se repitam arbitragens como esta, a que assistimos, hoje, neste jogo”.
FICHA TÉCNICA
Jogo disputado no Complexo Desportivo do Monte da Forca, em Vila Real.
Árbitro: Jorge Pereira, auxiliado por José Silva e Pedro Ricardo.
VILA REAL – Vieira; Palmeira, Danilo, Vitó e Filipe; Ernesto, Ruben, Olivier (Kalá, 89’) e Lemos; Maniche e Caniggia (Ricardo, 45’).
Suplentes não utilizados: Jorge, João Miguel, Braima, Igor e Zeferino.
Treinador: Zeca Lopes.
LEÇA – Fábio; Fernando, Luisão, Paiva e Cambey; Jerónimo (Wesllem, 44’), Madureira, Grosso e Braga; Bruno (Henrique, 86’) e Sérgio (Hugo Paiva, 55’).
Suplentes não utilizados: Nuno, Domingos e João Paulo.
Treinador: Jorge Madureira.
Cartões amarelos: Danilo (24’), Jerónimo (44’), Grosso (50’), Vitó (57’), Filipe Lemos (69’ e 85’), Hugo Paiva (80’), Luisão (81’) e Bruno (89’).
Cartão vermelho: Filipe Lemos (85’).