Sábado, 14 de Dezembro de 2024
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Armando Moreira
Armando Moreira
| MIRADOURO | Ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Real. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Crescimento económico?

Vivemos um tempo em que avaliamos a vida de um país, e mesmo das pessoas, utilizando índices que nos dão as variações, em sentido positivo ou negativo, do que vai acontecendo.

O Orçamento de Estado, por exemplo, é analisado substancialmente, comparando o que sucedeu em anos anteriores, na recolha de impostos, no crescimento ou diminuição da dívida, na afetação de meios para determinadas despesas, ou por setores: saúde, educação, cultura, defesa… Os responsáveis governamentais esforçam-se por evidenciar o que lhes parece mais positivo: diminuição da dívida, arrecadação de receitas, Produto Interno Bruto (PIB), procurando “dourar a pílula” sempre que os números não favoreçam determinadas intenções.

Os analistas também usam os índices, para explicar o que está bem, menos bem ou menos mal. Também nós vamos por aí, a pretexto de uma manchete do Jornal Público, de 2 janeiro, que enunciava: Bolsa de Lisboa sofre maior perda de empresas desde 2010. E em subtítulo acrescentava: os maiores investidores portugueses desapareceram. A crise financeira e os problemas com os Bancos refletem-se na reduzida liquidez da Bolsa de Lisboa e na capacidade de atrair novas cotadas.

Quem acompanha a economia de um país, sabe que o índice bolsista (no caso português o PSI 20), reflete a saúde das grandes empresas, que por sua vez são a face visível da respetiva economia. Isto é, se o índice sobe a economia está a crescer, se desce é porque a economia está a vacilar. Trata-se, como se percebe, de empresas do setor privado da economia, uma vez que as empresas públicas têm apenas como único acionista o Estado e não são medidas pela valorização das ações, uma vez que o seu capital social está todo na mão de um único acionista – o erário público.

Esta preocupação, que nós manifestamos aqui, com o enfraquecimento do valor das nossas empresas, não é acompanhada por dois dos Partidos que suportam a Geringonça que apoia o governo, PCP e Bloco de Esquerda, uma vez que estas forças políticas não defendem a economia de mercado, antes a combatem com quantas forças têm. Como se sabe estes partidos dividem sempre o setor empresarial em Trabalhadores e Patrões e partem do princípio que os Patrões subsistem à custa da exploração dos Trabalhadores. Argumentos que os leva a defender que só a nacionalização da economia, ou seja, acabando com as empresas privadas, como sucedia no regime soviético, é que passaríamos a ter uma economia saudável.

O que sucedeu então à Bolsa de 2010 para cá? Quando foi criada em 1992, ao nosso índice bolsita foi-lhe atribuído o valor base de 3 000 pontos. Pouco mais de um ano, a 17 de fevereiro de 1994, ultrapassou os 5 000 pontos. Em 1997 superou os 8 000. E em 1998, ano glorioso da abertura da Exposição Universal (EXPO), pináculo da era do dinheiro fácil, o PSI 20 passou dos 9 000 para os 14 000 pontos. Sabem em quanto está em janeiro deste ano? Em 4 700, os mesmos números do início de 2004 – há 25 anos, portanto. Quando se ouvem os nossos governantes – agora com um superministro que até brilha na Europa, parece que vai tudo bem na nossa economia, esquecendo, que há mais de 20 anos que o país anda a patinar, e não se vê, nem energia nem talento suficientes para mudar este estado de coisas, como escrevia o colunista no citado jornal.

Preocupa que se não vejam políticas de vigor económico, que invertam estas tendências. Seriam elas, que nos permitiriam sonhar com um futuro melhor para nós, e para os nossos filhos e netos.

Assim, é o que é!

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