Em seguida, desço as escadas, cansado de ouvir os velhotes na tasca a falarem de futebol e as minhas vizinhas a falar da vida dos outros, mas acabo por esperar com muita paciência pelo metropolitano. Lá dento ouço as pessoas a falarem de temas atuais como o Covid e a Guerra na Ucrânia. Na minha paragem, saio, subo as escadas do formigueiro por onde andei. Sigo pela rua fora-outra rua, entro numa loja. De cesto metálico nas mãos, estamos na era dos metais, escolho caixas, latas, latinhas e sacos. Tudo aquilo é horrendo tudo aquilo é sujo, mal-arranjado muito pouco higiénico e pouco atraente. A menina da máquina registadora nunca mais se despacha. Apetece-me dar um berro para ela se despachar. Finalmente, chegou a hora do atendimento. Mal ela olha para mim, perguntou logo pela minha família, pelo meu nome e minha idade. Apetece-me dizer qualquer coisa, que se meta na sua vida, que preste atenção às compras ou que me doi os ouvidos de a ouvir.
Tenho de repente saudades do tempo que ninguém falava para ninguém e até do segurança com cara de poucos amigos que me fazia o check-in do metro sem olhar sequer para mim.
Volto a casa, com as minhas compras, pouso-as no sofá e sento-me.
Sinto-me no passado, não gosto.
Conteúdo produzido pelo Agrupamento de Escolas de Vila Pouca de Aguiar