Quinta-feira, 5 de Dezembro de 2024
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Dá que pensar…

Numa altura em que somos de forma diária noticiosamente “bombardeados” com as expectativas (ou a quebra delas) dos portugueses neste pós-crise consideramos ser este o tempo de, mais do que para os nossos legítimos anseios individuais, olharmos para as injustiças já perpetradas e muitas vezes esquecidas bem como, para o país que pretendemos traçar no horizonte mais próximo.

Uma das mais flagrantes e eugenicamente esquecida por quase todos (mesmo por aqueles que diretamente afeta) é a manutenção da cobrança de portagens em vias como a A24 ou a A7.

Com o discurso de que as autoestradas sem custos para o utilizador (doravante SCUT’s) custavam ao país cerca de 700 milhões de euros por ano, foram em 2010 introduzidas portagens um pouco por todo o território. Facto que até à presente data se mantém olimpicamente inalterado.

Como facilmente se poderá compreender, esta medida fustigou nestes quase dez anos com particular pontaria o Interior de Portugal e regiões sazonalmente periféricas como o Algarve.

A verdade é que existiam e cremos que continuam a existir fundamentos bastantes para que estas estradas não tenham portagens.
Em primeiro lugar (um argumento que parece ser constantemente escamoteado), tratam-se de vias cujo financiamento comunitário obtido esteve subjacente ao facto de conectarem territórios periféricos na sua maioria transfronteiriços.

Depois, o fundamento para o lançamento destas obras, ao contrário de uma qualquer euforia despesista muito utilizada pela propaganda política da época (seguida/ despoletada com pena nossa por alguns conterrâneos nossos), foi o de dotar essas regiões de vias de comunicação semelhantes às do Litoral, desencravando assim muitos territórios que durante décadas foram sucessivamente esquecidos.

Sendo também relevante e muito discutível que o próprio perfil técnico destas vias seja condizente com o pagamento de portagens.
Quase dez anos depois consideramos que todos os fundamentos enumerados se mantêm atuais e que deverá ser levado a cabo um estudo sério tendo em vista ponderar a manutenção de portagens nestas vias. Estudos esses que deverão ter um particular enfoque na verificação da existência de uma alternativa credível à circulação por estas vias.
Claro está que, nos locais onde existam vias com perfil de autoestrada suscetíveis de se assumirem como alternativas, a manutenção das portagens se justificará.

Concretizando, não existindo uma alternativa credível à A24, a retirada das portagens em todo o seu traçado deverá assumir-se não como uma bandeira política capturada por um qualquer partido mas, como uma bandeira de toda uma região.
Foi por isso com muita pena nossa que assistimos à forma como decorreu a votação da sua retirada na Assembleia da República. Sendo os deputados eleitos por círculos que claramente anseiam pela retirada das portagens em vias como a A24 por exemplo, não se entende como se conseguiram abster, faltar a este momento, ou pior, votar contra.

Não estando a defender a região que os elegeu, o que estarão a fazer? Dá que pensar…

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