A sua passagem por Lisboa, como bispo auxiliar do Senhor Cardeal D. António Ribeiro, e pela Arquidiocese Eborense foi uma bênção, que deixou marcas na alma daquele bom povo. Granjeou o apreço da gente alentejana, com o seu temperamento sorridente e expansivo. Foi sempre próximo da gente, particularmente dos pobres e afastados de Deus. Recordemos a visita do São João Paulo II a Vila Viçosa e o entusiasmo que ela suscitou, bem como o ardor e a solicitude do Arcebispo de Évora, nas Visitas Pastorais, nos Encontros de Jovens, no Pontifício Conselho do Apostolado dos Leigos, do qual fazia parte, e no contacto com a gente humilde da sua arquidiocese. A dignidade da pessoa humana estava no centro da sua atividade apostólica, vista e apreciada com os olhos da fé em Jesus Cristo. A sua atividade pastoral apostava no contacto pessoal, em sair e no encontro com os necessitados de verdade, de pão e de sincero afeto.
Em 2002, fui ordenado, por S. João Paulo II, bispo auxiliar da Arquidiocese de Évora. Tive o privilégio de ajudar D. Maurílio, que me recebeu e me considerou como irmão. Partilhava comigo os problemas, dificuldades, dores, alegrias e resoluções, dum modo, que eu sempre considerei extraordinário e exemplar, de modo que nunca o esqueci e sempre o apreciei e continuarei a apreciar. Fui ao seu encontro, quando ele estava já um pouco mais limitado. Foi exemplar o acolhimento que me proporcionou, sempre me tratou como verdadeiro irmão. Dele guardo as melhores recordações e um santo e reconhecido apreço, que me apraz expressar, neste momento de dor e de esperança.
Como canta a Liturgia da Igreja, no prefácio dos defuntos: “para os que morrem a vida não acaba, apenas se transforma e desfeita a morada deste exílio terrestre uma habitação eterna se adquire no Céu”. Jesus Ressuscitado venceu a morte e dá-nos a vida gloriosa, abrindo-nos as portas do Céu. A fé no Ressuscitado alimenta a esperança do nosso reencontro com este fiel servo de Deus. Cientes da mensagem que o Senhor D. Maurílio sempre proclamou, durante a sua vida terrena, com o Apóstolo S. Paulo, cremos, firmemente, que “nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram, nem jamais passou pela mente humana, o que Deus preparou para os seus escolhidos”.
Que Deus Misericordioso se digne conceder ao seu bom e humilde servo a vida eterna, na Comunhão dos Santos, com Jesus Ressuscitado vencedor do pecado e da morte.