Dia a dia, os números da violência doméstica são escabrosos e não só relativamente aos maridos que matam as esposas. Os jornais noticiam, diariamente, casos atrás de casos de pessoas que também são filhos, primos, namorados, cunhados, genros, sogros, todos a largar tudo e a escolher a via da caçadeira, da faca, da corda, mesmo a força dos punhos.
Até agora, neste ano (até 17 de fevereiro), dez mulheres já morreram às mãos dos homens com quem viviam. E uma menina de dois anos. E cinco homens, por causa deste fenómeno, também já perderam o que de mais precioso tinham e que desprezaram até ao limite: a vida. Três deles morreram porque se suicidaram, após terem matado. Dois por terem sido alvo da insensatez de outros dois homens com quem viviam e mantinham uma relação “passional” também.
Apesar de serem mais mediatizados, estes casos são apenas uma ponta do monstruoso “iceberg”. Também só neste ano, já houve pais que engravidaram filhas menores; professores que abusaram das alunas; enfermeiros que violaram doentes; médicos que violentaram os pacientes; maridos que pegaram fogo às casas das ex-mulheres; patifes que regaram outrem com gasolina e lhes chegaram fogo; agressões aos pais idosos; ladrões que violam as mulheres assaltadas (uma delas de 95 anos e outra de 86!); uma filha que foi apanhada em flagrante a esganar a mãe (de 87 anos); companheiros de mulheres a obrigarem-nas a prostituir-se; uma própria mãe a incentivar a filha menor – sete anos de idade – à prostituição).
É certo que isto não acontece apenas cá, a violência é um flagelo. Numa sociedade de situações e relações efémeras, fortemente erotizada, a violência sexual é a razão maior neste tipo de fenómeno.
O caso mais estranho (por ser inédito) aconteceu mesmo nos Estados Unidos da América. Um enfermeiro violou uma mulher, num hospital, a qual estava em coma. Apesar de se encontrar em estado vegetativo, a mulher veio a dar à luz uma criança, cujo ADN correspondeu ao do enfermeiro violador.
Que caminho seguimos? Que inteligência possuimos? Porque vivemos? O que ganhamos com esta desventura?