A sua prevalência aumenta com a idade: a partir dos 50 anos, a incidência duplica em cada década de vida, afectando 1,5 vezes mais homens do que as mulheres. Assim, um em cada dez portugueses com mais de 65 anos desenvolve esta arritmia e a partir dos 40 anos de idade a prevalência da Fibrilhação Auricular na população portuguesa ronda os 2,5 %.
Além da idade avançada, a fibrilhação auricular está associada a vários factores de risco, tais como: hipertensão arterial, diabetes, obesidade, apneia do sono, insuficiência cardíaca, doença valvular cardíaca, doença coronária, tabagismo, entre outros.
O espectro de manifestações clínicas é muito variado, podendo apresentar-se por uma sensação de batimentos descoordenados do coração, pulsação rápida e irregular (palpitações), tonturas, sensação de desmaio ou mesmo perda de conhecimento, dificuldade em respirar, cansaço, confusão ou sensação de aperto no peito. Por outro lado, as manifestações podem evoluir de forma insidiosa e silenciosa, sendo só diagnosticada no contexto de um AVC. Deste modo, o seu diagnóstico precoce é fundamental para permitir o seu controlo e tratamento bem como evitar possíveis complicações futuras.
A fibrilhação auricular pode ser prevenida através das seguintes medidas para modificar os fatores de risco cardiovasculares. Entre elas, controlar o peso, a tensão arterial e o colesterol, manter uma alimentação equilibrada, praticar exercício físico regular, não fumar e fazer uma avaliação do ritmo cardíaco e das pulsações – medir a pulsação através da palpação de uma artéria que é uma manobra muito simples e que pode ser ensinada a todos em poucos minutos.
À semelhança do que se passa no resto da Europa, em Portugal, as normas da Direção Geral de Saúde aconselham a maioria dos doentes com fibrilhação auricular a fazer hipocoagulação. Esta pode ser feita através da toma de varfarina ou acenocumarol no caso de doenças valvulares cardíacas concomitantes ou de um dos Novos Anticoagulantes Orais, os chamados “NOAC’s”. Estes fármacos estão associados a uma proteção maior e mais constante, bem como, a um menor risco de hemorragia intracraniana. Os objetivos da terapêutica são prevenir o AVC, aliviar os sintomas, prevenir a insuficiência cardíaca, promover a qualidade de vida e prolongar a esperança de vida.
O diagnóstico precoce e o correto tratamento da fibrilhação auricular são fundamentais para reduzir significativamente o risco de AVC e evitar sequelas futuras.