No âmbito da apresentação do Orçamento de Estado para 2011, o Governo apresentou publicamente, no dia 16, o Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC), um documento que prevê para o distrito uma transferência na ordem dos 4,6 milhões de euros, deixando de fora sete concelhos.
Segundo os quadros do PIDDAC, o concelho que mais receberá é o do Peso da Régua, que conta com um valor previsto de 1,38 milhões, a serem investidos em dois projectos de valorização e modernização do cais turístico fluvial, mas também na remodelação do Palácio da Justiça local (200 mil euros).
O segundo concelho com maior verba inscrita é Chaves, onde o programa de investimentos engloba apenas a criação da Loja do Cidadão.
Para a capital de distrito está previsto um investimento de 1,2 milhões, valor que será injectado na íntegra na Universidade de Trás- -os-Montes e Alto Douro, mais exactamente nas obras de construção dos Blocos de Laboratórios das Ciências Veterinárias, mas também na conservação e remodelação de outros edifícios.
Alijó vai ‘ganhar’ 708 mil euros, para o rearranjo e beneficiação de infra-estruturas do cais do Pinhão, e Mesão Frio 250 mil euros, para o projecto “De Aliobriga a Cidadelhe”.
O Palácio da Justiça de Vila Pouca também vai auferir fundos para sua remodelação, desta vez 26,9 mil euros, um valor idêntico ao que Sabrosa vai receber para a sede da Associação Recreativa, Cultural e Musical do concelho.
De fora ficam os concelhos de Boticas, Montalegre, Ribeira de Pena, Mondim de Basto, Murça, Santa Marta de Penaguião e Valpaços.
Se alguns autarcas compreendem a redução do investimento devido ao período de crise que o país atravessa, como é o caso do socialista Fernando Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Montalegre, para Fernando Campos, autarca de Boticas, o documento representa mais uma vez uma afronta. “E vão cinco. Cinco anos consecutivos em que o concelho de Boticas não tem qualquer verba inscrita em PIDDAC”, relembrou o edil, num comunicado onde deixa estampada a sua indignação.
Segundo o mesmo responsável político, o caso de Boticas é “o exemplo da discriminação de que o interior do país tem sido alvo por parte do Governo”.
“Há muitos problemas para resolver e obras para fazer, numa região em que a população está bastante envelhecida e sofre de grandes problemas de isolamento e desenvolvimento. Mas, mais uma vez, pagamos o preço da nossa interioridade. Parece que o interior do país é um problema para este Governo. Um problema que pretendem ‘cortar pela raiz’ acabando com todo o tipo de investimentos”, sublinha Fernando Campos.
O autarca lamenta que as populações do interior contem apenas na hora do país “pedir sacrifícios e mais sacrifícios na procura de ultrapassar a difícil crise económica” em que o Governo “deixou mergulhar o país”.
“Estamos fartos da desconsideração demonstrada pela governação socialista, que continua a olhar apenas para o litoral e para os grandes centros”, reforça o presidente barrosão.
De recordar que, para o distrito de Vila Real, o PIDDAC contemplava para este ano 7,1 milhões de euros, e para 2009 cerca de 72 milhões.