Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2025
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Do simulacro à catástrofe: Desastre nuclear na Ucrânia

Este título não é de agora, embora haja o perigo de serem desencadeadas ações de guerra provenientes do conflito Rússia / Ucrânia nos tempos atuais. É de 25 de Abril, mas não se refere à “Revolução dos Cravos” em Portugal. Foi em 1986. Aconteceu em Chernobyl o maior desastre nuclear da História. Morreram milhares de pessoas

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“Explode um reator na central soviética de Chernobyl (Ucrânia). A poluição radioativa atinge países vizinhos. É o maior acidente nuclear civil, depois do ocorrido, em 1971, na central americana de Three Mile Island, este militar, obrigando à evacuação parcial da região”. (In “Notícias do Milénio” – 8 de julho de 1999)

Corria a noite de 25 de abril de 1986. Em Portugal, terminavam os festejos de mais um ano de liberdade. Mas no norte da Ucrânia (então território da União Soviética) nascia um dos dias mais negros da humanidade. Na central nuclear de Chernobyl iniciavam-se testes a um novo reator. De súbito, ouviram-se duas gigantescas explosões, seguidas de um incêndio enorme e indomável. As pessoas saíram à rua, mas, sabendo do que se tratava, depressa regressaram a casa, fechando portas e janelas, levando os mais idosos e as crianças para os sítios mais escondidos, profundos e isolados. As explosões eram o rastilho daquele que viria a ser o maior desastre nuclear da História até hoje verificado. Deu-se então a fuga maciça daquela zona. Mas nem todos conseguiram fugir a tempo. Muitos já tinham sido apanhados pelas radiações. Alguns jazeram ali, outros vieram a soçobrar mais tarde, nos lugares para onde fugiram, deixando Chernobyl consagrada como “cidade-fantasma”.

“A promessa era de que as centrais nucleares não eram um perigo para a população e que as hipóteses de um colapso numa delas eram demasiado reduzidas. Mas as garantias dadas pelo Instituto Nuclear da então União Soviética caíram por terra no espaço de três meses”.
(Ana Sofia Rocha, in “Jornal de Notícias” – 26 de abril de 2021)

Como duzentas bombas da que foi lançada em Hiroxima

Na central nuclear de Chernobyl, a maior e mais antiga central nuclear do mundo, simulava-se uma perda de abastecimento de energia externa que alimentava o reator nº 4, inaugurado na véspera. O objetivo era verificar se os sistemas de segurança estavam a funcionar corretamente. Mas foram detetadas várias falhas e os níveis de refrigeração tinham baixado drasticamente. Ao procurar estabilizar essa situação, os técnicos encarregados da manutenção do sistema perderam o controlo. E o desastre aconteceu.
As duas explosões foram violentíssimas e logo por si motivaram a morte de dezenas de pessoas que se encontravam nas instalações e que, dada a forma como aconteceram, nem deram conta daquilo que lhes sucedera. O incêndio, por sua vez, demorou 12 dias a ser dominado, quando já estava na atmosfera uma nuvem que libertou uma quantidade de radiação semelhante a duzentas bombas atómicas idênticas à que fora lançada sobre a cidade japonesa de Hiroxima, no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

Um sarcófago numa cidade abandonada

De início, o governo soviético (na altura liderado pelo recentemente falecido Mikhail Gorbachov) tentou ocultar a extensão da tragédia.

“Chernobyl está a ser tratada como desinformação dos Estados Unidos da América influenciando os países ocidentais que lhe são próximos. Irei dar conta da verdadeira situação na minha próxima intervenção no Conselho de Segurança da ONU”. (Vladimir Putin, ministro do governo da URSS)

Os bombeiros enviados em forte escala para atacar e dominar o incêndio que lavrava na central foram incapazes de o fazer recorrendo a processos tradicionais – jatos de água. Foram mais tarde substituídos por helicópteros que lançaram areia e chumbo sobre o sítio do reator. Já começavam a manifestar-se sintomas de doenças provocadas pelas radiações não só na Ucrânia como na Polónia e nos países nórdicos, numa área estimada em 200 mil quilómetros quadrados.

Para conter a continuidade da emissão de radiações (na maior parte causadoras de vários tipos de cancro) o reator foi encerrado e selado num sarcófago de cimento.

“Os danos permanecem até aos dias de hoje. Foi decretada uma zona de exclusão de 30 quilómetros à volta da central e as cidades adjacentes incluindo Pripyat (cidade formada em 1970 sob os restritos padrões da União Soviética para albergar os trabalhadores da central) foram evacuadas devido aos altos níveis de radioatividade”. (Ana Sofia Rocha – retro citada)

Sistemas de segurança

O perigo existe. Em Chernobyl foi um acidente. Mas o que se passou pode ser despoletado por mãos criminosas.

Não é por acaso que a Rússia e a Ucrânia falam do nuclear como possível solução para a guerra que os atinge. Uma solução que teria custos elevados, jamais possíveis de serem pagos.

Mas, em termos de segurança, a preocupação com as consequências de outros acidentes como o de Chernobyl levou a que novas medidas fossem aplicadas.

“Um incidente como esse é impossível de ocorrer agora, com as novas estratégias, os novos protocolos e o uso de novas tecnologias, totalmente diferentes daquelas que existiam em 1986”. (Luiz Pinguelli Rosa, físico e mestre em engenharia nuclear)

EFEMÉRIDES DE ABRIL

 

1921 – Implantação do túmulo do Soldado Desconhecido no Mosteiro da Batalha.
1931 – Revolta na Madeira contra o regime do Estado Novo.
1949 – Fundação da NATO.
1968 – “Hair” sobe pela primeira vez a palco, na Broadway.
1971 – Aparecimento à deriva do navio Angoche ao largo de Moçambique sem pessoas a bordo.
1974 – Revolução dos Cravos em Portugal.
1981 – O primeiro vaivém americano tripulado elevou-se rumo ao Espaço.
1983 – Assassinado o palestiniano Issam Sartawi no Congresso da Internacional Socialista no Algarve.
1984 – Identificado o vírus da SIDA.
1984 – Automotora contra autocarro em Recarei, com dezenas de mortos.
1989 – 108 pessoas mortas no jogo de futebol Liverpool-Nottingham, na Inglaterra.
1989 – Polícia de choque interveio na manifestação de polícias no Terreiro do Paço.
1990 – Telescópio Hubble lançado no Espaço.
2005 – Morte de João Paulo II.
2010 – Vulcão islandês Eyjafiallayokurl irrompe e neutraliza a navegação aérea europeia.
2017 – Explosão de pirotecnia em fábrica de Lamego mata oito pessoas.

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