Segundo o relatório “O Turismo na Região Norte de Portugal”, divulgado pelo Observatório das Dinâmicas Regionais do Norte, o Douro “apresenta um saldo nulo” no que diz respeito à variação “do número de estabelecimentos hoteleiros”, entre os anos de 2003 e 2007, sendo que globalmente a taxa de crescimento da Região Norte foi de 1,1 por cento.
“Com excepção do Douro, todos os restantes destinos turísticos registam um aumento do número de estabelecimentos hoteleiros”, indica o documento, revelando que “ o Minho apresenta, mesmo, a maior taxa de crescimento média anual dos quatro destinos, com 13 novas unidades (que representam mais de 50 por cento da variação regional registada), sendo, ainda, o único destino que durante este período apresenta variações sempre positivas”. No que diz respeito a Trás-os-Montes, a variação média anual foi de 0,7 por cento, cifrando-se 1,0 por cento relativa à zona do Porto.
Entre os quatro destinos turísticos, o Douro volta a aparecer em último lugar quando se fala da “variação da capacidade nos estabelecimentos hoteleiros”, apresentando uma taxa média de variação média de 0,3 por cento, enquanto Trás-os-Montes surge com uma variação anual de 2,9 por cento, o Porto de 3,3, e o Minho de 3,5.
Apesar do Minho e do Porto voltarem a ocupar as posições cimeiras, o observatório destaca “o ano de 2005, em particular em Trás-os-Montes, com, face ao ano de 2004, um aumento de quase 25 por cento da capacidade instalada”, um desempenho “muito possivelmente, associado ao recente investimento realizado, em Chaves, pela empresa VMPS – Águas e Turismo, SA”.
António Martinho, presidente da Entidade Regional de Turismo do Douro (ERTD), sublinhou, ao Nosso Jornal, que os dados recentemente apresentados pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte tiveram como base documentos do Instituto Nacional de Estatística referentes aos anos de 2003 a 2007, ou seja, “estão completamente ultrapassados”. “Desde 2005 até à data, abriram na região, 10 unidades hoteleiras. Muitas delas não entram nas estatísticas porque tiveram um licenciamento posterior”, explicou o mesmo responsável, enumerando os vários empreendimentos e o número de camas que foram adicionadas à oferta turística da região.
“O destaque que o destino Porto assume no contexto regional é ainda mais evidente ao nível da procura”, revela o estudo, contabilizando que, em conjunto com o Minho, aquele destino turístico “concentra quase 90 por cento do total de dormidas na Região do Norte”. Nesta variante, Trás-os-Montes aparece com sete por cento de dormidas nos estabelecimentos hoteleiros, em 2007, e o Douro com cinco por cento.
Novamente, António Martinho revela que a actualidade contrapõe os dados de 2007, já que “hoje o Douro é um dos destinos turísticos do país com maior procura, sendo ultrapassado apenas pela Madeira e pelo Algarve”.
O relatório apresenta ainda uma análise sobre a nacionalidade dos turistas que passam pela Região Norte, sendo de realçar que “o principal mercado externo é constituído pelos residentes em Espanha”. “Mais, com excepção do Douro, o mercado espanhol é aquele que apresenta maior expressão no que respeita às dormidas de residentes no estrangeiro nos vários destinos.
No Douro, segundo o relatório, dos 17 por cento dos turistas estrangeiros registados nas unidades hoteleiras, três por cento são espanhóis e outros três por cento são ingleses, seguindo a França e a Alemanha, com dois por cento cada. No entanto, é a mescla de pessoas de outras nacionalidades, num total de sete por cento dos turistas, que passam pelo menos uma noite no Douro.
Mais uma vez, o documento induz em erro, tendo em conta que, actualmente, também no Douro a nacionalidade mais predominante na população de turistas estrangeiros é a espanhola, seguida depois pela francesa e alemã.