A ZERO consultou a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) e com base nos esclarecimentos que obteve vem acentuar um alerta que já tinha feito de que “120 milhões de euros do PRR podem ser desperdiçados em investimento de pouca utilidade”, refere, num comunicado enviado à Lusa.
Aquando da consulta pública do PRR, a ZERO alertou para as dúvidas que existiam sobre a prioridade de alocação de 120 milhões de euros para a execução de 37.500 hectares de rede primária de faixas de gestão de combustível a nível nacional, a aplicar até 2025.
Agora, questionou a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), responsável pelo planeamento, coordenação estratégica e avaliação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais, sobre a eficácia dessa rede no combate a grandes fogos rurais.
A AGIF não conhece estudos “aplicados ao contexto português que demonstrem, de forma científica e informada com casos concretos, a eficácia ou eficiência destas faixas lineares com largura entre os 50 e os 200 metros”, refere.
A agência revela, aliás, sublinha a ZERO, que “parece haver uma perceção da reduzida eficácia deste tipo de investimentos”.
Neste contexto, a associação exige que seja repensada a alocação dos referidos 120 milhões de euros do PRR e que as verbas sejam dirigidas “para reforçar o investimento na criação de paisagens florestais multifuncionais, biodiversas e resilientes”.
Baseada na resposta da AGIF, a ZERO afirma que parece estar-se “perante um investimento delineado pelo Ministério do Ambiente e Ação Climática” baseado “não em conhecimento científico ou em opiniões dos serviços”, que irá resultar no desperdício de dinheiros públicos.
A associação ambientalista recorda ainda que existe legislação sobre a criação de redes de faixas de gestão de combustível, que visam reduzir a superfície afetada, facilitar o combate ao fogo e proteger povoações, vias de comunicação e outras infraestruturas.
A ZERO quer a reavaliação “urgente das orientações da legislação existente há cerca de 16 anos, uma vez que não é aceitável que se tolere o desperdício de recursos financeiros públicos em investimentos de eficácia reduzida que depois obrigam a enormes gastos de manutenção das faixas”.