Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2024
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É preciso não desanimar perante as dificuldades

1 – Está a decorrer a Semana da Educação Cristã até ao próximo Domingo. Com ela, a Igreja procura despertar nas crianças, nos adolescentes e jovens, nos pais, professores, catequistas e outros educadores, maior estima pela educação.

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Educar e educar-se é uma tarefa nobre, é «dar forma à pessoa». Requer clareza de objectivos, uma longa paciência, e muita fortaleza. Nunca foi tarefa fácil e, nos textos antigos da cultura grega e romana, encontramos nos educadores os mesmos desabafos dos educadores de hoje sobre a rebeldia dos novos.

Educar inclui aquisição de conhecimentos mas é mais que instruir: engloba equilíbrio de sentimentos e criação de hábitos. Nesse sentido, a educação cristã é mais que catequese de crianças, inclui aulas de moral para os adolescentes e os jovens, e formação dos adultos por meio de pregação e cursos de todo o género. Os próprios padres são chamados a uma formação contínua.

2 – Actualmente, há no trabalho de educação uma dificuldade especial, nascida do ambiente: deseja-se para tudo um clima de facilidades, confundiu-se respeito pelos filhos e alunos com obrigação de não os contrariar para não criar traumas, e, no aspecto religioso, adia-se a iniciação da vida religiosa para mais tarde, criando nos anos de infância um vácuo espiritual, mutilando a crianças de uma dimensão fundamental. A verdadeira razão dessa atitude é a preguiça dos pais e a sua fuga à prática religiosa. Do antigo rigorismo caiu-se no laxismo oposto.

Na escola, o Estado, em vez de ser «colaborador» dos pais e respeitador dos compromissos com a Igreja, apresenta-se frequentemente como o dono da educação e «concorrente» com os pais e a Igreja, oferecendo uma filosofia de vida e projectos opostos. Tem sido especialmente difícil lidar com este Ministério da Educação. Daí deriva um clima de deseducação das crianças, que leva ao aproveitamento da liberdade concedida no horário escolar para preguiçar, criando enormes dificuldades aos educadores. Estes quase não podem invocar autoridade nem recorrer aos pequenos castigos que ajudem a moderar tendências e inclinações. Certamente que é indispensável o esforço do professor, competência científica e pedagógica dos professores que ajudem o aluno a interiorizar os valores, mas, dada a fragilidade dos alunos, exigem-se também normas objectivas que ponham limites à sua liberdade, de modo que eles saibam que todos têm de trabalhar e que essas normas são para levar a sério. Ora tal clima não existe, e o aluno percebe depressa que, num hipotético atrito com o professor, ganhará a jogada.

Dentro das paróquias, há pais com sensibilidade individualista que tentam viver sem normas, como se a catequese, a comunhão, o crisma, a missa ao Domingo, o múnus dos padrinhos, o casamento, a actuação do grupo coral, o funeral, se pudessem fazer como cada um quer. As pessoas não dizem isto com esta rudeza, mas, quando chega a hora, actuam dentro desses moldes, como se tudo dependesse dos gostos de cada um. O catolicismo não é fruto de um vago sentimento religioso, mas um projecto de Deus concreto, acima das nossas fantasias.

3 – Tudo isto aconselha a uma reflexão sobre o processo educativo, quer na área religiosa quer na área científica.

Os que conhecem o texto bíblico de S.João sobre o bom Pastor recordam- -se de que o pastor «retira» as ovelhas do aprisco nocturno, «integra-as» num rebanho e «condu-las» aos pastos abundantes. Aí estão bem desenhadas as três etapas de todo o processo educativo e concretamente da educação religiosa: sair das sombras do subjectivismo, entrar na comunidade cristã, alimentar-se dos actos de culto, da palavra e dos sacramentos).

Há aqui uma palavra fundamental que assusta muita gente: é a palavra «conversão», mudar de atitude por dentro e por fora. Educar é a fazer essa conversão, ajudar a «converter-se». Mais que adquirir conhecimentos, é mudar de comportamento, seja no aspecto científico como na área religiosa.

Essa «conversão» não é uma despersonalização de ninguém mas a orientação dos dinamismos profundos da criança, do jovem e do adulto, e esbarra hoje com um clima social que endeusou o individualismo, a arrogância da opinião pessoal e o racionalismo orgulhoso. Cada um quer continuar com a «sua» cabeça, as «suas» ideias, a «sua» liberdade e, por vezes, com as ideias do seu partido e do que está na moda!

A Igreja tem muita experiência do mundo e pede aos pais, párocos, professores de educação moral e religiosa, catequistas, um esforço heróico e uma longa paciência, na certeza de estarmos a trabalhar para o bem das pessoas e da sociedade. O futuro mostrará a nossa razão.

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