Todos os anos os Escuteiros do CNE (Corpo Nacional de Escutas ou Escutismo Católico Português) da diocese de Vila Real realizam um encontro regional numa vila ou cidade da diocese, a fim de conviverem, conhecerem melhor a geografia da diocese e se animarem mutuamente. Neste ano coube ao Agrupamento de Boticas a organização do encontro que decorreu desde a sexta-feira até ao Domingo, dia dezoito. Além dos de Boticas, havia jovens de Montalegre, de Chaves, de Valpaços, de Ribeira de Pena, de Mondim, de Murça, de Alijó, da Régua e de Vila Real.
A Câmara Municipal de Boticas, que havia montado o estrado para a Eucaristia e cedido o grande pavilhão multi-usos para o almoço, esteve presente na celebração eucarística pelo seu Presidente e uma vereadora. Presente ainda a Junta de freguesia local.
A Eucaristia celebrou-se no largo da Senhora da Livração, contíguo à igreja paroquial, concelebrando o pároco da vila, Mons. Silvério Guimarães. Os jovens chegaram em cortejo marcial desde a sede das actividades transportando a imagem da Senhora de Fátima, sua madrinha, e ocuparam os lugares previamente assinalados.
Na homilia, o senhor D. Joaquim lembrou os três acontecimentos daquele dia: o encontro regional do CNE, a celebração do dia das Missões, e o 28º aniversário da sua ordenação episcopal no Sameiro, em Braga, data que constituiu surpresa para muitos. Estes três factos, disse, têm a uni-los um denominador comum: servir a glória de Deus e o bem dos homens. Esse era o tema do Evangelho desse Domingo: «Jesus foi o primeiro servidor da glória do Pai e da salvação do mundo». «De facto, continuou, o CNE existe para servir a causa da educação integral dos adolescentes e jovens através de uma metodologia própria» (e referiu que fora escuteiro desde a sua infância e assistente do CNE toda a vida de sacerdote); «os Bispos existem para servir o povo cristão e, através dele, a sociedade civil; e o dia das Missões chama a atenção para aquelas regiões paganizadas que precisam de cristãos que se dediquem voluntariamente ao anúncio de Jesus Salvador».
Dedicou algum tempo a especificar o estilo da educação escutista: «O Escutismo pratica uma educação activa e austera em que o adolescente e jovem se assumem como responsáveis pela sua educação, uma educação em pequenos grupos onde ele se sente como pessoa responsável por si e pelos outros, uma educação optimista e aberta ao futuro pela boa disposição, uma educação em contacto com a natureza. Estas marcas são próprias de qualquer ramo de escutismo, seja protestante, muçulmano ou católico. Seriam desvios condenáveis tentar um escutismo amimalhado de mero enfeite de cortejos ou desfiles de modas e fardas, um escutismo exibicionista de fanfarras de imitação de bombeiros, um escutismo de puro campismo». Explicou depois o intuito de Baden Powell ao incluir o contacto com a natureza no seu método educativo: libertar dos bares e vida nocturna de Londres os jovens que ele, ao regressar de África, ai encontrara amolecidos».
«Nós, CNE, escutismo católico, trazemos a flor-de-lis com a cruz de Cristo sobreposta, e, como tais, vivemos as características gerais do escutismo com o espírito católico: os nossos grupos (bandos, patrulhas, equipas) vivem integrados no grupo maior da paróquia e da diocese e os guias e chefes escutistas apoiam-se nos grandes chefes (Pároco, Bispo e Papa); o nosso optimismo e alegria nascem da vitória de Jesus sobre a morte sendo Ele o grande vencedor e, por isso, o Domingo é, para o escuteiro do CNE, o dia mais alegre e maior da semana; e o campismo é um exercício transparente, com a natureza a falar do Criador sobretudo ao nascer do sol e ao acabar o dia. O Escuteiro não goza a natureza como um campista burguês, mas como um crente». O senhor Bispo citou casos da sua vida de escuteiro com jovens da aldeia e da cidade onde se viveu este estilo, e lembrou quatro jovens escuteiros que acabaram por ir para o Seminário e para as Missões. Compreendeis, portanto, que o escuteiro do CNE cultiva um estilo próprio, e já o fundador do Escutismo, o general inglês Baden Poweel, dizia que os escuteiros católicos assimilaram perfeitamente o espírito do escutismo».
Na altura da comunhão muitos chefes e jovens aproximaram-se da mesa da Comunhão.
Antes da bênção final, o prelado fez três recomendações finais: «o Escutismo Católico em Portugal tem quase a mesma data da diocese de Vila Real, pois a diocese foi criada em 1922 e o CNE em 1923 e pelo próprio Arcebispo de Braga que era natural de Poiares da Régua; os escuteiros católicos vivem nas paróquias e, dentro delas, devem fazer aquilo que sabem, como seja, prestar serviços de generosidade e bem servir, e receber dos outros grupos da paróquia o que é deles, por exemplo, do grupo dos catequistas receber a catequese e do grupo coral a música religiosa, pois os escuteiros não são especialistas de tudo. A «missa dos escuteiros» é para eles se exercitarem, mas nos outros Domingos devem tomar parte na missa acolitada por outros grupos; terceiro, os chefes devem ser pessoas firmes e pacientes, uma vez que os adolescentes e jovens estão na idade dos sonhos e da generosidade mas cheios de fragilidade. Um grupo de escuteiros vale o que valerem os chefes».
Durante o almoço os jovens cantaram os parabéns a alguns aniversariantes e, depois do almoço, animaram a tarde com jogos e passatempos do seu repertório.