Terça-feira, 3 de Dezembro de 2024
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Experiência do PNAl poderá ser alargada a outros parques

Desde de 1993 que um grupo de voluntários de vários países da Europa desloca- -se ao Alvão para passar parte das férias de Verão a trabalhar na conservação da natureza, mais especificamente na manutenção do habitat da Borboleta Azul. Uma experiência que deverá ser replicada noutros parques, com outras ambições ambientais, mas com o objectivo final de divulgar as áreas protegidas além fronteira.

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“Neste momento este campo é único, mas estamos a estudar a possibilidade de se alargar a experiência a outros parques já no próximo ano”, explicou Lagido Domingos, director do Departamento de Gestão das Áreas Classificadas do Norte, no dia três, o último dia de trabalho de mais um campo de voluntariado do “British Trust for Conservation Volunteers” (BTCV), que trouxe ao Parque Natural do Alvão (PNAl) mais oito ‘turistas ambientais’.

Segundo Lagido Domingos, o trabalho dos voluntários no Parque Natural do Alvão é muito importante tendo em conta que se centra sobretudo na manutenção do habitat natural da Borboleta Azul, uma espécie em extinção que apenas ‘voa’ na área protegida vila-realense e na zona do Barroso. No entanto, explica que o campo de voluntariado tem um papel muito importante na divulgação do Parque além fronteiras, e é exactamente com esse o objectivo que se deverá alargar a experiência a outras zonas protegidas. “Tão importante quanto o seu trabalho de conservação é o facto destes voluntários serem um veículo para mostrar a região lá fora”, sublinhou.

Através da BTCV, já participaram em campos de trabalho no Alvão, desde de 1993, mais de uma centena de estrangeiros que, no total, dedicaram 2000 mil dias de trabalho à conservação do PNAl. “É uma experiência única”, explicou Stephi Lotz, uma das orientadoras do grupo que este ano é constituído por seis ingleses e um espanhol.

Na realidade, os voluntariados cedem uma parte das suas férias de Verão para trabalharem no parque, assumindo mesmo as despesas de deslocação. “É uma mistura de trabalho com férias na natureza. Temos trabalho muito árduo mas, por outro lado, também temos tempo livre para descansar, para nadar no rio, para conviver com a população local…”, explicou a mesma responsável.

Outra das orientadoras da BTCV, Louise Rickard, explicou, ao Nosso Jornal, que a maior parte dos voluntários têm profissões que exigem a permanência nos seus escritórios, durante todo o ano, sendo o objectivo da organização não governamental “tentar ligar essas pessoas à natureza”. “Num lugar como o Alvão, tão bonito, conseguimos tocar o coração das pessoas” que, quando regressam a casa, passam a esforçar-se mais para preservar o ambiente, alterando de alguma forma os hábitos do quotidiano, ao empenhar-se mais, por exemplo, na reciclagem, garantiu a monitora.

Entre profissões tão variadas como um geógrafo, uma arquitecta, uma publicitária, um investigador e o gestor de uma companhia cervejeira, encontramos Mike Stevens, um engenheiro de pontes reformado que, com 67 anos, aceitou o desafio de passar uma temporada de férias do Alvão. O inglês, que se deslocou no seu próprio carro, tem planeado dois meses de viagem, a maior parte sozinho, pelo Norte de Portugal e por outros países europeus. “Já faço trabalho voluntariado ao nível da protecção do ambiente em Inglaterra”, explicou o sexagenário que acabou por juntar o útil ao agradável ao despender duas semanas das suas férias ao PNAl.

Os voluntários trabalharam na manutenção do habitat da Genciana, planta que as Borboletas Azuis utilizam para colocar os seus ovos e da qual se alimentam nas primeiras duas a três semanas de vida. Mais tarde, as larvas acabam por cair ao chão e ser recolhidas por uma espécie de formiga (Myrmica) que as confundem com as suas próprias larvas, levando-as para o ninho e alimentando–as até que fique completa a sua formação e aconteça a sua transformação na Borboleta Azul.

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