O trabalho é composto por 20 imagens que retratam os bastidores de um teatro ópera. Monumentos, máscaras, objetos e cenários são captados pela objetiva do autor que pretende mostrar o que está para além da representação.
As imagens de Belcanto não fixam instantâneos de espetáculos nem ilustram poses. Não apresentam, representam. Pelo luxo elitista e a exuberância decorativa dos salões, nos bastidores desenfeitados, utilitários, onde a admirável vitalidade de elementos humanos e objectuais criam o que o público fruirá à vista, o artista espreita a surpresa e transmuta a evidência em desocultação.
Belcanto é a arte de tornar a voz instrumento perfeito das ideias do compositor e fazer vibrar as cordas sensíveis do público com as emoções e os sentimentos das personagens. Na exímia perfeição dos enquadramentos e polaridades luminosas, nos movimentos e jogos de luz, este preto e branco exprime a versatilidade visual de uma partitura que se encena.
As fotografias são performativas. O seu apuro e elegância, além dos limites do visor, abre no teatro de ópera cortinas sobre mistérios, com a lucidez de que a arte nunca se esgota na sua própria revelação. O que a imaginação estética dá a ver é já o palco de um espaço-tempo transformador.
A exposição pode ser visitada até 30 de agosto e tem entrada livre.