O Festival de Ano Novo (FAN), que decorre em Vila Real, Bragança e Chaves, até ao dia 30 de Janeiro, vai contar com artistas de Bulgária, Bélgica, Coreia do Sul, Inglaterra e Portugal, fazendo desta edição “a mais internacional de sempre”.
“Julgo que podemos estar de facto no caminho da consolidação do festival”, explicou Vítor Nogueira, director do Teatro de Vila Real, parceiro (com o teatro brigantino e com a Associação Chaves Viva) na organização do FAN que, num total de 24 espectáculos, começa já amanhã, pelas 17h00, com a realização, no grande auditório vila-realense, do Concerto de Ano Novo que traz a “Tríada – Vozes da Bulgária”.
“Este ano, procurou-se aliar à música clássica alguns imaginários musicais menos comuns, como a tradição búlgara ou a música medieval inglesa. Paralelamente, são apresentados instrumentos menos habituais neste tipo de eventos, como o saltério (instrumento medieval), a harpa, o acordeão e o saxofone”, explicou a direcção do teatro vila-realense como uma das novidades da quarta edição do FAN.
Vítor Nogueira referiu ainda que os espectáculos vão ter este ano três novas moradas, entre as quais a Agência de Ecologia Urbana, “um sítio com muita história”. “Construído em 1893, o edifício foi inaugurado, três anos mais tarde, como uma fábrica de moagem e de papel, propriedade do pai do navegador Carvalho Araújo. Depois da falência da empresa, voltou à sua faceta ancestral de moinho simples. Hoje, depois de recuperado, é a sede Agência de Ecologia Urbana”.
Também em Bragança o Festival vai conhecer novos espaços, nomeadamente o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais (antigo Solar da família Sá Vargas) e o Conservatório de Música (antigo Convento dos Jesuítas, onde se diz que terá estudado Cervantes). “Recorde-se que este é um festival de música clássica que se constitui também como um roteiro turístico e cultural, com três objectivos fundamentais: proporcionar um acesso descontraído à música erudita, descentralizar geograficamente a oferta de espectáculos e dinamizar espaços de interesse histórico, arquitectónico e cultural”, frisa a organização do evento.
As tardes de sábado do mês de Janeiro serão ainda animadas, graças ao FAN, pela Feira de Objectos Culturais da Região, que estará patente no Teatro de Vila Real, sendo ainda de realçar, da programação do festival, os “concertinhos”, dez espectáculos, com um forte carácter lúdico e pedagógico, dirigidos ao público infantil, mais exactamente às crianças do 1º e 2º ciclos de ensino, e que contarão, “num diálogo constante entre o piano e a voz”, “a história de Babar”.
Outra das mais-valias desta edição do FAN é a bilheteira, como garantiu Vítor Nogueira, adiantando que, no que diz ao Teatro de Vila Real, “em seis anos de existência, nunca foram praticados preços tão baixos”. Um esforço para garantir que “não haja desculpa” para as pessoas não irem, reforçou.
Reduzido é também o orçamento do festival que não ultrapassa os 30 mil euros e, pela primeira vez, vai receber uma comparticipação de fundos comunitários na ordem dos 25 por cento.
Esperando ultrapassar o número de espectadores da edição de 2009 do FAN, Vítor Nogueira acredita que este ano será possível contabilizar um total de três pessoas nos espectáculos, o que significa que, “em termos orçamentais, cada espectador custará cerca de dez euros”. Um rácio “muito bom” e que, segundo o mesmo responsável é importante quando se fazem os “balanços de como os fundos comunitários são distribuídos”.
Apesar das várias novidades, Vítor Nogueira lembrou que o objectivo primeiro do FAN é “desmistificar a dificuldade no acesso a este tipo de cultura dita erudita”, é, como o próprio lema do festival garante, proporcionar “música séria para gente divertida”.