Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2024
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Barroso da Fonte
Barroso da Fonte
Escritor e Jornalista. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Fazer da História uma anedota

Para acertar a teoria com a prática, no que diz respeito ao Dia de Portugal, basta cumprir o que aconteceu em 24 de junho de 1128. Ninguém consegue apagar a Batalha de S. Mamede: tenha sido em S. Mamede, em Aldão ou em S. Redanhas.

Todos esses sítios se situam «prope castelum». Num raio de meia dúzia de quilómetros e no leito do rio Selho». Todo esse espaço se situa no perímetro urbano. Também não há dúvidas de que foi nessa Batalha, entre o príncipe D. Afonso Henriques e as tropas da mãe, D. Teresa, que se dirimiu esse conflito. O filho foi fiel ao Pai e o Pai, que desde 1096, vinha buscando a independência do reino.

A Mãe, já viúva e perdida de amores por Fernão Peres de Trava, torcia pela ligação ao reino de Leão e Castela. Desse prélio que foi renhido saiu vencedor o jovem infante que assumiu os interesses do Condado Portucalense, afastando a Mãe e o amante da sede desse Condado, até 1131.

 No dia 24 fez 891 anos que se travou essa batalha de S. Mamede. O PR esteve no S. João, em Braga para sinalizar que daqui a um ano, ele próprio presidirá às cerimónias comemorativas dos 892 anos da «Primeira Tarde Portuguesa». Durante estes quase nove séculos, a História de Portugal andou fora dos trilhos. É das nações mais antigas e não celebra o seu aniversário.

O 10 de junho passará a ser o dia de Portugal. Mas não em homenagem ao dia da morte de Luís de Camões. O Estado Novo deitou-lhe mais dois remendos: «o dia da Raça e das comunidades Portuguesas». A seguir ao 25 de Abril de 1974 não houve coragem de acertar a cronologia Histórica. Houve para algumas coisas, como por exemplo, a atribuição do nome do 25 de Abril à Ponte Salazar. Manteve outras, como o dia em que se medalhavam os militares, o 10 de Junho. Em Guimarães continuou a respeitar-se o feriado municipal. Até 1990, como as maiorias eram minoritárias, houve entendimento para elaborar programas de consenso. De lá até aqui, as maiorias foram sempre absolutas e as cerimónias desse feriado passaram a servir para realizar inaugurações.

A mudança dos líderes foi benéfica porque o clima de autoritarismo deixou de respirar-se.  E, com novas mentalidades, o posso, quero e mando deu lugar ao diálogo. Guimarães lucrou muito e é hoje uma evidência.

Neste ambiente respirável foi possível restabelecer plataformas de colaboração e de consenso, como é o caso dos feriados e da utilização histórica e cívica do nome do Rei Fundador. E ainda da interpretação que Guimarães deve dar, à certeza de ter sido primeira capital do reino e palco da «Primeira tarde nacional» além de berço do Rei Fundador com relevo para o facto de aqui ter nascido, em 25 de julho e de aqui ter sido batizado. Mais: nenhum outro monumento histórico reclamou esse privilégio. Mais: esse Monumento foi considerado «nacional», sendo visitado, diariamente, por milhares de turistas que leem essa afirmação na carta epigráfica lá mandada colocar em 1664.  Por que espera o poder político? 

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